Portugal
"Ninguém lia os contratos no Benfica? É como no BES"
2024-10-16 15:30:00
“Uma pessoa quando faz parte de uma administração não está lá só para assinar”, refere ex-futebolista Diogo Luís

O Ministério Público quer a SAD do Benfica em tribunal no âmbito do Caso dos Emails. Também o antigo presidente Luís Filipe Vieira e o ex-assessor jurídico Paulo Gonçalves têm de responder na justiça sob as suspeitas do Ministério Público. Diogo Luís, antigo jogador encarnado, estranha que dentro da estrutura encarnada ninguém tenha percebido que eram "demasiados movimentos com o Vitória de Setúbal".

Em causa no processo dos Emails, recorde-se, estão suspeitas do Ministério Público de que o Benfica montou um esquema com o clube sadino para obter benefícios dentro das quatro linhas. Em troca, os setubalenenses recebiam dinheiro. Isto de acordo com a teoria do Ministério Público.

Caso Emails: Diogo Luís lembra BES ao falar do Benfica

Diogo Luís, antigo jogador de futebol, não compreende que dentro do Benfica ninguém tenha, em tempos, achado curioso os movimentos entre Benfica e Vitória de Setúbal.

“Ninguém percebia que havia demasiados movimentos com o Vitória de Setúbal ou com outros clubes? Ninguém colocava em causa? Ninguém lia os contratos? Eles só estavam lá para assinar?”, questionou o antigo futebolista.

“Uma pessoa quando faz parte de uma administração não está lá só para assinar”, referiu ainda o ex-camisola 36 do Benfica, que falava em declarações na CNN Portugal, onde criticou Rui Costa, atual presidente, e que fazia parte da administração da SAD no tempo de Luís Filipe Vieira.

"Rui Costa não teve curiosidade?"

“Ele [Rui Costa] não teve a curiosidade de perceber aquilo que esteve a assinar durante alguns anos, não teve a curiosidade de perceber se estava tudo bem ou não estava tudo bem?”, questionou Diogo Luís.

E se existem benfiquistas que dizem que no Ministério Público "não devem saber o que é o Benfica", ao pedirem sanções desportivas para as águias, Diogo Luís insiste pela ideia de que os administradores deveriam ter fiscalizado as decisões que eram tomadas.

“Os administradores são obrigados a fiscalizarem-se uns aos outros”, disse Diogo Luís, comparando a situação que se passava no Banco Espírito Santo, que ruiu e tem agora Ricardo Salgado no banco dos réus.

“É como no BES. Aparentemente, no BES a única pessoa que fez tudo mal era o Ricardo Salgado. Todos os outros que estiveram junto a ele e a assinar as coisas e a compactuar com tudo aparentemente não vão ser julgados”, disse Diogo Luís, vincando que agora “é muito fácil dizer ‘eu não sabia de nada, eu assinava, apareciam uns cheques e contratos’”.