Portugal
"Nem sei o que estou aqui a fazer", diz Jesus em tribunal no caso Rui Pinto
2020-10-20 11:20:00
Treinador chamado a testemunhar no âmbito do processo Football Leaks

O treinador de futebol Jorge Jesus afirmou hoje em tribunal “não saber bem” porque estava a testemunhar no processo ‘Football Leaks’, no qual o arguido Rui Pinto é acusado de ter divulgado o seu contrato com o Sporting.

“Nunca foi coisa a que desse grande importância, nem sei o que estou aqui a fazer”, afirmou o atual técnico do Benfica, durante a 14.ª sessão do julgamento do processo, que decorre no Tribunal Criminal de Lisboa.

Perante esta afirmação, o coletivo de juízes lembrou ao técnico, que teve dificuldade em precisar o período durante o qual orientou o Sporting, que foi arrolado como testemunha pelo Ministério Público, pela defesa e por assistentes.

Em tribunal, Jorge Jesus afirmou não saber que tinha uma conta de email no Sporting, à qual, segundo a acusação, Rui Pinto terá acedido de forma ilegal.

“Nem sabia que tinha conta de email no Sporting. Não sei se o Sporting me criou essa conta. Se o fez, eu não tinha conhecimento”, disse Jorge Jesus, acrescentando: “Se usei [a conta]? Não, nem no Benfica, nem no Sporting.”

O treinador, que esteve no Sporting entre 2015 e 2018, mas referiu ao coletivo ter orientado os ‘leões’ entre 2014 e 2016, referiu que a divulgação do contrato nunca o preocupou, porque não tem “nada a esconder”.

“[A divulgação] Não me preocupou, não tenho nada a esconder, nem valorizei. Para mim, nunca criou instabilidade, e não estava ali nada que não fosse verdade. Não sei o que a divulgação causou ao Sporting, sou treinador de futebol”, afirmou.

Rui Pinto, criador da plataforma eletrónica ‘Football Leaks’, através da qual foram divulgados milhares de documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal cometidos em diversos países, está acusado de 90 crimes.

O arguido, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.