Portugal
“Não vi o Rodolfo indignado com as sucessivas acusações a Pinto da Costa”
2020-09-22 10:15:00
Antigo dirigente do Benfica fala em “terrorismo comunicacional” dos comentadores afetos ao FC Porto

O mediatismo em torno de Luís Filipe Vieira, na Operação Lex, suscitou críticas do antigo dirigente do Benfica Jaime Antunes, que não compreende que o presidente encarnado se torne no centro da discussão pública num processo que tem ex-juízes desembargadores acusados da alegada prática de crimes de corrupção.

Jaime Antunes, antigo candidato à presidência do clube, manifestou-se indignado com o que apelida de “terrorismo comunicacional” dos comentadores afetos ao FC Porto, referindo-se a Rodolfo Reis, que nesta segunda-feira foi extremamente cáustico. “Tudo o que envolve o Benfica mete-me nojo”, disse o antigo capitão portista.

“Essa gente faz terrorismo comunicacional em relação ao Benfica. Falo dos comentadores do FC Porto. E não os vi indignados [no passado]. Eu não vi o Rodolfo indignar-se com as sucessivas acusações a Pinto da Costa, ao longo dos tempos. O presidente do FC Porto foi 18 vezes acusado. Foi absolvido, mas foi 18 vezes acusado”, referiu Jaime Antunes, num espaço de comentário da CMTV.

Jaime Antunes considerou ainda que existe um “julgamento em praça pública” com Vieira como vítima.  

“Estamos a assistir a um julgamento popular do presidente do Benfica. Não tenho procuração para defender o presidente do Benfica, mas aquilo que tem acontecido é de todo inaceitável”, acusou.

“O presidente do Benfica foi acusado num processo onde existem 16 ou 17 acusados, entre os quais ex-juízes desembargadores, acusados de corrupção. Ou seja, temos um quadro num processo jurídico em que membros altamente qualificados do nosso aparelho de Justiça são acusados da prática de crimes com grande gravidade. E sobretudo atendendo à responsabilidade dessas pessoas em causa”, enquadrou Jaime Antunes.

O antigo dirigente do Benfica lembra que Luís Filipe Vieira surge no processo “apenas porque meteu uma cunha”.

“Verdadeiramente é isto. O cidadão Luís Filipe Vieira tinha um processo num tribunal de Sintra em que a administração fiscal lhe liquidou um imposto de forma indevida. O cidadão Luís Filipe Vieira contestou em tribunal, como é seu direito, e oito anos depois o tribunal veio dar-lhe razão. Efetivamente, aquele imposto que havia sido liquidado não era devido”, defendeu.

Jaime Antunes salienta que, “de forma abusiva, o Estado reteve durante oito anos o dinheiro que pertencia a Vieira”.

E é perante este quadro que, no entendimento de Jaime Antunes, existe um mediatismo exacerbado em torno do envolvimento de Luís Filipe Vieira na Operação Lex. O processo segue para instrução, fase que determinará se o caso vai a julgamento –, sendo que Vieira poderá ter de responder por um crime de recebimento indevido de vantagem, cuja pena pode chegar a três anos de prisão, ou multa.

“Estamos a assistir a uma situação de terrorismo comunicacional, que é isolar a acusação de Luís Filipe Vieira num processo em que as acusações são muito graves e que deveriam preocupar os cidadãos deste país”, defendeu Jaime Antunes.

O antigo dirigente do Benfica insiste na acusação de corrupção que recai sobre ex-juízes desembargadores, quando o presidente do Benfica poderá ter de responder em tribunal por um crime de recebimento indevido de vantagem.

“Estamos a assistir a um julgamento popular de Luís Filipe Vieira, apenas porque ele é presidente do Benfica. Luís Filipe Vieira responde neste processo e é arguido numa disputa entre o Benfica e a administração fiscal. E uma disputa entre uma empresa e a administração fiscal, neste país, é a coisa mais banal”, prosseguiu.

Em suma, concluiu Jaime Antunes, “Luís Filipe Vieira é acusado de meter uma cunha num processo e é arguido num processo de disputa fiscal”.

“Em termos claros, ele está apenas envolvido nestes dois casos. Sendo que num deles é arguido”, concluiu, reiterando críticas ao modo como o dirigente tem sido tratado na “praça pública” e apontando o dedo a “comentadores afetos ao FC Porto”.