Portugal
"Não vi o Cova da Piedade fraquejar porque fez quatro jogos em duas semanas"
2021-01-12 10:15:00
António Pereira acha que falta de tempo de recuperação nos grandes “é falsa questão”

O ex-treinador do Cova da Piedade relativiza a falsa questão dos calendários apertados. No canal 11, nesta segunda-feira, e numa altura em que se discutia os tempos de recuperação dos jogadores do Benfica e do FC Porto – clubes que jogam um clássico depois das partidas de hoje, na Taça de Portugal –, António Pereira lembra que esse problema nem se coloca em estruturas menos profissionais, ou em clubes menores, sem meios e sem plantéis para as elevadas exigências do calendário. 

E quem acha que nos escalões inferiores os calendários são perfeitos para os tempos recuperação está enganado, de acordo com o técnico, que foi substituído no cargo por Mário Nunes, antigo adjunto de Vítor Oliveira.

“No início deste campeonato, em duas semanas, fizemos quatro jogos: domingo, quarta-feira, domingo e quarta-feira. E não vi a equipa do Cova da Piedade fraquejar porque fez quatro jogos em duas semanas. Jogaram sempre os mesmos, porque só tinha aqueles”, referiu António Pereira, no programa Futebol Total, num debate onde se perspetivava o clássico entre FC Porto e Benfica, dias depois dos jogos da Taça, marcados para hoje.  

O ex-técnico do Cova da Piedade fala em “falsa questão” e considera que, mesmo a jogar de três em três dias, os jogadores mostram a mesma entrega e revelam os mesmos sinais de cansaço, em comparação com períodos menos intensos. 

Eu já ouvi falar da recuperação, do tempo de recuperação... Eu vejo por vezes embates em que não se chega a 72 horas e a verdade é que se batem todos da mesma maneira. Em Inglaterra, chegam a jogar em períodos inferiores a 72 horas. É certo que eles se queixam. Queixam-se, mas fazem. Na generalidade, todos se queixam”, afirmou. 

Acresce que os clubes dos principais escalões portugueses têm estruturas mais profissionais, plantéis mais vastos e mais condições para enfrentar esses períodos. “Eles têm tudo. Está tudo preparado para isso. Não vale a pena estarmos aqui a discutir se jogam 72 ou 68 horas depois”, reforçou. 

Acho que os grandes têm tantos meios para recuperar... Meios que uma equipa de segunda divisão ou do Campeonato de Portugal não têm. Benfica, FC Porto e Sporting têm tantos meios para recuperar... Não vai fazer grande diferença jogar com o Nacional [no caso do FC Porto] e voltar à competição 72 horas depois. Não me parece, pela experiência que tenho, que faça diferença”, insistiu António Pereira, que deixou o clube em dezembro, por motivos de saúde, como resultado do surto de covid-19 que atingiu o plantel do emblema de Almada.

FC Porto e Benfica defrontam-se na sexta-feira, no Estádio do Dragão, em jogo da 14.ª jornada da I Liga. Hoje, as duas equipas entram em campo, frente a Nacional e Estrela da Amadora, respetivamente, em encontro dos oitavos de final da Taça de Portugal – fase da prova rainha que arrancou ontem com a derrota do Sporting diante do Marítimo.