Luís Filipe Vieira almoçou hoje com José António dos Santos, o maior acionista individual da SAD, numa altura em que a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) se encontra a investigar alguns detalhes da OPA do Benfica chumbada em 2020. De acordo com as notícias, a CMVM quer apurar qual é a efetiva ligação de Luís Filipe Vieira, presidente da SAD, ao acionista José António dos Santos.

À saída do almoço, Vieira foi questionado sobre este e outros assuntos da atualidade do Benfica, como a necessidade de baixar custos salariais caso falhe a qualificação para a fase de grupos da Liga dos Campeões (possibilidade ontem admitida pelo administrador Domingos Soares de Oliveira), mostrando-se evasivo na resposta.

"O Benfica tem sempre um futuro muito grande. Não se preocupem com o futuro do Benfica", reagiu Luís Filipe Vieira, em declarações à SIC.

O dirigente foi também confrontado com a situação de Nuno Tavares, numa altura em que os rumores do mercado apontam o jogador como prestes a rumar ao Arsenal. "Não sei, não tenho estado lá", respondeu.

Ontem, tinha sido o administrador financeiro da SAD, Domingos Soares de Oliveira, a ser questionado sobre a ligação de Vieira e José António dos Santos, o empresário conhecido como 'rei dos frangos'.

"Temos uma relação excelente com a CMVM. Se me perguntar se é preocupante que o presidente tenha uma relação profissional com os acionistas, não é. Eu trabalho com o presidente há 17 anos. Ele tem três vidas: familiar, profissional e associativa. E ele não mistura estas três vidas. Entrei na empresa do presidente Luís Filipe Vieira uma vez em 17 anos e foi para recolher assinaturas. O presidente nunca trouxe a sua vida empresarial para dentro do Benfica", respondeu Domingos Soares de Oliveira, durante a entrevista à TVI24.

José António dos Santos, dono da Valouro, é o principal acionista individual da SAD do Benfica, com uma participação de 12,7 por cento. Se a OPA da Benfica,SGPS à SAD do Benfica, que foi chumbada pela CMVM, tivesse sido bem sucedida, o empresário teria obtido uma mais-valia a rondar os 11 milhões de euros.

A investigação da CMVM foi conhecida pela mesma altura em que o Benfica anunciou que ia proceder à recontagem dos votos das eleições de outubro de 2020, motivando uma troca de acusações na praça pública entre Noronha Lopes, candidado derrotado nesse sufrágio, e a direção liderada por Luís Filipe Vieira.

Toda esta instabilidade ocorre quando a equipa orientada por Jorge Jesus regressou ao trabalho, preparando a entrada na temorada 2020/21. "O Benfica deveria entrar na época limpinho e com todos estes problemas resolvidos. Era bom que isto fosse resolvido para que tudo fique esclarecido", defendeu Diamantino Miranda, antigo capitão das águias.