“Fora das quatro linhas estamos piores do que quando saí. Está muito agressivo. Não há respeito”
O Benfica avança para Guimarães para fechar o campeonato mas a época só terminará no domingo, em Coimbra, com a realização da final da Taça de Portugal frente ao SC Braga. Mas Jorge Jesus aproveita já para fazer um balanço daquilo que foi a época 2020/21 e daquilo que encontrou no regresso ao país, depois de alguns anos ausente no estrangeiro. O técnico explicou aquilo que encontrou de diferente no futebol português, falando do que tem visto dentro das quatro linhas mas também fora delas.
“Encontrei um futebol taticamente mais evoluído. As equipas mais pequenas estão mais equilibradas. Fora das quatro linhas estamos piores do que quando saí. Está muito agressivo. Não há respeito. A comunicação está muito agressiva. É um dos pontos que sinto no futebol português. É a comunicação fora das quatro linhas. Não defende o respeito das pessoas, as profissões das pessoas. Nesse ponto está diferente para pior”, considerou o treinador do Benfica, nesta terça-feira.
Na conferência de imprensa, Jorge Jesus foi ainda questionado sobre os recados que o vice-presidente Jaime Antunes lhe deixou, na segunda-feira, apelando a uma maior “humildade” mas dizendo que o treinador vai continuar, apesar de ter perdido vários objetivos.
“Não preciso que um vice-presidente me venha alertar. Eu falo todos os dias com o presidente, com o Rui Costa, com o Domingos Soares de Oliveira. E quando estava cá era com o Tiago Pinto. É com essas pessoas que tenho de falar. Com os adeptos eu falo ganhando”, reagiu Jorge Jesus.
Questionado sobre o recurso de Jaime Antunes à palavra “humildade” que deverá pairar em Jesus na próxima época, o técnico disse sabe “o significado de humildade” mas não sabe “onde ele quis chegar” com as declarações prestadas.
“As pessoas com quem tenho de comunicar sabem que sou humilde. Se as pessoas que não têm nada que ver com isto falam do que não têm de falar, essas é que não são humildes”, disparou.
Na conversa com os jornalistas, Jorge Jesus foi também questionado em relação aos avanços e recuos sobre a presença de adeptos nas bancadas para a última jornada.
“Claro que gostava de ter adeptos no jogo em qualquer jogo. Se não é possível em defesa da sociedade acho que está certo. Não é por mais 90 minutos que alguma coisa vai mudar. Quem perdeu tantos jogos se perder mais um, não se perde nada. O futebol tem todas as condições para que existam adeptos nos estádios. É um espaço controlado, aberto, não é em pavilhões ou cinema. Permite ter toda a segurança. Acho que a decisão está bem em defesa dos interesses da própria sociedade e da pandemia”.
No mês de agosto, o Benfica terá um calendário apertado em função da necessidade de ter de enfrentar as fases de apuramento para a edição 2021/22 da Liga dos Campeões. Jorge Jesus salienta que preferia já estar apurado diretamente para a prova milionária mas realça que não entrará com tanto receio como na última época. E justificou-se.
“Claro que me preocupa. A minha maior preocupação é que podia estar fora disto se tivesse entrado diretamente na Champions. Mas não me preocupa tanto como preocupava no ano passado. Este ano não vou trabalhar cinco semanas antes, vou trabalhar com jogadores que já têm um ano de trabalho comigo. O ano passado era só um jogo, este ano são dois. Tudo é diferente para melhor”, explicou Jorge Jesus, em conferência de imprensa.