Otávio deixou o FC Porto e é reforço do Al Nassr da Arábia Saudita, onde vai ser treinado por Luís Castro e companheiro de Cristiano Ronaldo. O internacional português é mais um jogador que se muda para aquele espaço geográfico que, nos últimos meses, tem apostado forte na compra de jogadores mediáticos, procurando potenciar o futebol saudita mas também a imagem do país árabe além fronteiras.

Na apresentação oficial de Otávio como reforço do Al Nassr, o clube de Riade recorreu a um vídeo onde utiliza figurantes com a camisola do FC Porto e depois aparecem com a camisola do Al Nassr, deixando mensagens que visam valorizar a Arábia Saudita para o exterior.

Daúto Faquirá, treinador de futebol, diz que a Arábia Saudita está a tentar através do futebol enviar uma mensagem que, na realidade, não vê que seja cumprida no país. E, por isso, lamenta que se critiquem clubes que possam fazer negócios com emblemas russos, mas depois se façam vendas para a Arábia Saudita.

"Existe aqui um véu, uma nuvem de alguma hipocrisia quando nós criticamos outros espaços geográficos onde existem coisas que obviamente não são recomendáveis e fechamos os olhos para aquilo que se passa num país como este", começou por lamentar Daúto Faquirá.

Para o treinador, que falava em declarações na CNN Portugal, trata-se de "um país que não defende as minorias, os direitos humanos", acabando ainda por citar Daúto Faquirá outros casos mundialmente conhecidos de polémicas a envolver o nome da Arábia Saudita.

"Fechamos os olhos e achamos tudo normal mas depois quando é na Ucrânia já há questões e tudo", vincou Daúto Faquirá, lembrando que muitos jogadores e treinadores estão a rumar à Arábia Saudita apenas por dinheiro. 

Mas, ao mesmo tempo, culpa os clubes que aceitam negociar com emblemas da Arábia Saudita. "Há debandada geral em busca do dinheiro, dinheiro que entra nos cofres não só dos jogadores mas das instituições, porque não são só os jogadores, quem é que está a ganhar muito com este dinheiro da Arábia Saudita que está a 'chover'?", questionou o treinador.

"E portanto nos vivemos numa hipocrisia. Por um lado, nós não podemos vender jogadores para a Rússia por isto e por aquilo mas depois fechamos os olhos quando nos convém", salientou ainda Daúto Faquirá.

Perante a realidade que se vai assistindo no futebol mundial, Daúto Faquirá diz que há "hipocrisia". "Vivemos num mundo de hipocrisia", concluiu.