Portugal
"Não me parece que seja por aqui que vai partir alguma decisão do Rui Costa"
2021-12-21 09:30:00
Vítor Paneira projeta os clássicos entre FC Porto e Benfica no Dragão

A ausência dos treinadores Sérgio Conceição e Jorge Jesus no ‘clássico’ entre FC Porto e Benfica, na quinta-feira, dos ‘oitavos’ da Taça de Portugal, pode ser inconveniente, alerta o ex-futebolista internacional luso Vítor Paneira.

“Será uma pena não termos os dois líderes no banco de suplentes para poderem orientar as suas equipas. São dois grandes técnicos, que querem estar nestes jogos relevantes e que marcam. Muitas vezes, a comunicação com os atletas poderá chegar tarde e acabar por ter influência na decisão do jogo”, partilhou à agência Lusa o ex-médio das ‘águias’.

O FC Porto, vencedor em 17 edições, recebe o Benfica, recordista de troféus, com 26, na quinta-feira, às 20:45, no Estádio do Dragão, no Porto, no jogo de cartaz dos ‘oitavos’ da prova ‘rainha’, que terá os adjuntos Vítor Bruno e João de Deus a orientar as respetivas equipas no banco de suplentes, face aos castigos de Sérgio Conceição e Jorge Jesus.

“Pela cumplicidade e forma profissional com que trabalham, não pode haver erros a esta dimensão. Acredito que tudo o que for planeado estará em sintonia com os jogadores. É pena que ambos não estejam presentes, pois ambos dão espetáculo no banco. É pena não ter esse aliciante, mas haverá uma comunicação muito grande deles com as equipas técnicas, para que os pormenores não escapem e haja um grande espetáculo”, afiançou.

Prevendo um “ótimo jogo entre duas grandes equipas”, Vítor Paneira, de 55 anos, lembra que “quem for eliminado ficará com menos uma possibilidade de conquistar troféus” em 2021/22, numa fase em que o FC Porto já está afastado da Taça da Liga e relegado da Liga dos Campeões para a Liga Europa, enquanto o Benfica segue em todas as frentes.

“Normalmente, as equipas que jogam em casa têm uma ligeira vantagem. Agora, é uma prova a eliminar e uma competição diferente. Percebemos que a gestão do jogo também pode ser feita de outra forma, mas será sempre uma incógnita quem vai passar”, notou.

Os rivais reencontram-se sete dias depois, no mesmo recinto, para a I Liga, na qual os quatro pontos de desvantagem das ‘águias’ para os ‘dragões’ têm motivado assobios e lenços brancos dos adeptos para Jorge Jesus, sobretudo a partir da derrota sofrida na receção ao campeão nacional Sporting (1-3), em 03 de dezembro, para a 13.ª jornada.

“São jogos diferentes e o carisma de avaliar um e outro são completamente distintos, até porque um é a eliminar e outro é a somar pontos ou, pelo menos, não os perder. Não me parece que seja por aqui que vai partir alguma decisão do presidente Rui Costa, mas a equipa que siga em frente vai ter um pouco de vantagem no próximo jogo”, reconheceu.

Vítor Paneira, que conquistou a Taça de Portugal pelo Benfica, em 1992/93, vinca que o regresso do técnico à Luz “não foi consensual nos adeptos”, embora não valorize muito as críticas de “uma fração que não está satisfeita quando há jogos menos conseguidos”.

“Acredito que seja um jogo bom para o Benfica jogar em transição. Sente-se muito bem nesse capítulo e, tendo espaços, é uma equipa fortíssima. O FC Porto também vai tentar condicionar as saídas e ‘matar’ os momentos de transição que o rival pode ter. São momentos de trabalho, que as equipas conhecem perfeitamente. Aquela que tiver mais sucesso nestes aspetos em que é mais forte pode estar mais próxima da vitória”, frisou.

Figuras do melhor ataque do futebol nacional esta época, com 71 golos, repartidos pelos 29 jogos disputados nas diferentes competições, têm sido o uruguaio Darwin Núñez, melhor marcador do campeonato, com 13 tentos, e Rafa, líder nas assistências, com 13.

“Muito do processo ofensivo deste Benfica deve-se à construção e, depois, ao jogo em transição. Parece-me que a equipa está talhada para este sistema com três defesas centrais. Quando perdeu o Lucas Veríssimo por lesão, eventualmente poderia partir para uma variante distinta, mas a verdade é que tem correspondido dentro das possibilidades deste esquema tático, que, muitas vezes sem bola, passa a cinco defesas”, enquadrou.

Vítor Paneira, que representou os ‘encarnados’ entre 1988 e 1995, confia na inclusão no ‘onze’ do ucraniano Roman Yaremchuk, titular nos seis encontros da fase de grupos da Liga dos Campeões, servindo de “base de saída” para as acelerações de Darwin e Rafa.

“Acredito que vai ser o titular na frente, deslocando o Darwin para um dos corredores, naturalmente o esquerdo, no lugar do Everton. Eventualmente, ainda com o Rafa a partir por trás para a equipa ganhar esta condição de ter homens muito velozes a atacar. Não acredito que o Benfica coloque dois pontas de lança de raiz no corredor central”, traçou.

Os brasileiros Lucas Veríssimo e Rodrigo Pinho e o sérvio Nemanja Radonjic, todos por lesão, vão desfalcar as ‘águias’ para o embate no Dragão, onde o ex-médio pede “algum cuidado” para suster a capacidade de o portista Luis Díaz “decidir a qualquer momento”.

“As duas equipas valem sempre pelo todo. Depois, têm individualidades que podem fazer a diferença. O Luis Díaz tem sido, na minha opinião, um dos melhores jogadores deste campeonato e com influência fortíssima no jogo do FC Porto, em posse ou em transição. O Gilberto deve ser ala, mantendo-se o André Almeida como central à direita”, terminou.