Portugal
"Não me parece que o sistema de três defesas do Sporting seja uma moda"
2021-04-01 19:45:00
Marco Silva elogia a forma como Rúben Amorim aplicou o modelo em Alvalade

O campeonato está de regresso, após a paragem ditada pelos compromissos das seleções, e o Sporting segue embalado rumo a um título que escapa desde 2002. O desempenho da formação orientada por Rúben Amorim tem sido alvo de vários elogios e ainda mais análises, em especial por parte dos adversários, cada vez mais motivados para serem a primeira equipa a vencer os leões na prova.

Numa dessas análises, Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, afirmou publicamente que o Sporting era uma equipa “fácil de desmontar” no plano teórico, mas “difícil de contrariar” na prática. Ao nível da teoria, o uso de um sistema de três centrais permite aos leões terem um maior domínio do centro do campo, mantendo a bola longe da baliza de Adán e mais perto das redes do adversário.

Ao nível da prática, é inegável que o sistema implementado por Rúben Amorim está a ser bem sucedido. Afinal, a formação de Alvalade já venceu a Taça da Liga e lidera o campeonato com dez confortáveis pontos de vantagem sobre o FC Porto, o primeiro perseguidor. Nas outras equipas, pode surgir a tentação de adotar essa ideia dos três centrais, o que seria um erro, no entender de Marco Silva.

Para o antigo treinador do Sporting, a ideia de “três defesas” tem resultado no Sporting porque o treinador soube montar o plantel para jogar nesse sistema. No ‘desenho tático’, a equipa verde e branca entra em campo com cinco elementos na linha mais recuada, mas depois em campo Pedro Porro e Nuno Mendes comportam-se mais como alas do que como laterais. Assim, não faz sentido que outra equipa passe a jogar com três centrais só para ‘seguir a moda’.

“Não vejo como uma moda. Não faz sentido, por estar a correr muito bem ao Rúben e ao Sporting neste momento, que todos os outros treinadores tenham de ir nessa leva”, defendeu o ex-técnico dos leões.

Nesta época, os principais rivais, FC Porto e Benfica, também já recorreram a sistemas com três centrais. No entanto, tal deveu-se a “um momento estratégico”, como explicou Marco Silva.

“Em relação ao Sporting, não o vejo como momento estratégico, o Rúben desde sempre foi criando essa sua ideia, mesmo no Casa Pia. O Benfica usou em momentos estratégicos, com algumas situações específicas em cada jogo, para preparar esse jogo. Com Benfica e FC Porto, parece-me que teve que ver com adversários mais específicos, porque depois voltaram às suas bases”, sustentou, em conversa no Cultura Tática, programa a ser emitido na íntegra esta madrugada, na SportTV.

Numa equipa com ambições, o sistema de três centrais depende da existência de laterais muito ofensivos. É um modelo propício ao futebol britânico, pelo qual passou Marco Silva, que orientou Hull City, Watford e Everton.

“Não vejo que seja como uma onda. No meu caso, em Inglaterra, tinha a ideia base do sistema, mas naturalmente trabalhávamos outros sistemas. Joguei variadíssimas vezes com três defesas e não é por aí que se tornou moda ou não. Tem que ver com o momento”, concluiu.