Portugal
“Não acreditem em desaparecimentos rápidos”, avisa Seara
2021-09-17 11:40:00
Ex-dirigente do Benfica acredita que Vieira tenta “acabar os vínculos” para ganhar “autonomia” em tribunal

O Benfica vai a votos a 9 de outubro para eleger o sucessor de Luís Filipe Vieira, que deixou a presidência após ter sido detido e colocado em prisão preventiva, no âmbito do processo Cartão Vermelho. O ex-dirigente, que está indiciado por falsificação de documentos, abuso de confiança, branqueamento de capitais, burla qualificada, fraude fiscal e abuso de informação, foi interinamente substituído pelo então vice-presidente e administrador da SAD Rui Costa.

Presidente em exercício, Rui Costa ainda não oficializou a candidatura. A entrada do ‘maestro’ na corrida eleitoral é dada como certa pelo universo encarnado, que já viu três ex-candidatos – Noronha Lopes, Rui Gomes da Silva e Bruno Costa Carvalho – colocarem-se de fora do próximo sufrágio.

Francisco Benítez é, até ao momento, o único candidato à presidência do Benfica. Para além de Rui Costa, cujo anúncio está para breve, poderá também enfrentar nas urnas João Braz Frade, antigo vice-presidente e principal rosto do movimento 'Benfica Bem Maior'.

São vários os nomes que marcam as conversas, entre candidatos praticamente garantidos, candidatos prováveis, candidatos que se colocaram de fora da corrida e personalidades da vida do Benfica que podem influenciar o desenrolar da campanha eleitoral. Contudo, houve um nome a desaparecer da atualidade encarnada: Luís Filipe Vieira.

Após ter prestado a caução de três milhões de euros, recuperando a liberdade, o ex-presidente do Benfica desapareceu do palco mediático, ao contrário do que aconteceu com muitos ex-presidentes de outros clubes, em busca de manterem um espaço que no futuro permita um eventual regresso como ‘salvador’ do clube.

“Não vou emitir opinião [sobre a relação de Vieira e Benfica] em razão de estar limitado deontologicamente. Se há elemento que importa dizer é: não acreditem em desaparecimentos rápidos, mesmo que tenham sido momentaneamente desaparecidos”, afirmou Fernando Seara, antigo dirigente do Benfica e advogado, motivo pelo qual evita pronunciar-se sobre Luís Filipe Vieira.

Nas entrelinhas, Seara foi explicando que Vieira procura “resguardar-se” para enfrentar as acusações do processo Cartão Vermelho, tentando “acabar os vínculos” com o Benfica para ganhar “autonomia” nas eventuais batalhas judiciais. Daí a recente ‘aparição’, quando o ex-presidente do Benfica comunicou ter uma oferta pelas ações da SAD, uma vez que o clube tem direito de preferência.

“Eu nunca estaria no ativo. Estaria totalmente resguardado”, continuou Seara, na A Bola TV: “Neste preciso momento, nem teria visibilidade mínima, estaria totalmente ocultado. Não emitiria nada, até não teria dado alguns passos que se tinham efetivado, não faria nada. Mas temos que ter a consciência dos tempos e por vezes não podemos dar tempo ao tempo”.

Quanto às eleições de 9 de outubro, o ex-dirigente dá como garantida a candidatura de Rui Costa, mostrando-se convicto de que o presidente em exercício apresentará uma lista de continuidade do ‘vieirismo’.

“O Rui Costa, podendo e devendo ter algumas novidades, não pode deixar de reconhecer todo o conjunto de pessoas que o ajudaram na legitimação do poder. Ponto. Mas isso também é um ato nobre. O cidadão Rui Costa, o benfiquista Rui Costa, num processo de transição de poder, não pode deixar de reconhecer quem esteve com ele e quem o ajudou nesse processo de transição”, concluiu Fernando Seara.