Portugal
"Na situação do Benfica, acho bem que não ataque o Governo", diz Pinto da Costa
2020-09-28 21:50:00
Presidente do FC Porto critica ausência do público nos estádios e recupera críticas ao centralismo

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, apontou o dedo ao Benfica por ter criticado a Liga de clubes, e não as autoridades de saúde, na questão do regresso do público aos estádios.

Desafiado a responder se estava "a falar sozinho", durante a entrevista ao Porto Canal, esta noite, o dirigente portista respondeu que não viu ainda o rival da Luz a criticar o Governo, depois de, sábado, o Benfica ter criticado a Liga.

"Acho que não faz sentido atacar a Liga, mas, na situação do Benfica que todos os dias é transcrita nos jornais, acho bem que não ataque o Governo", afirmou.

Questionado a explicar se o Benfica 'não podia' ou 'não queria' falar sobre as autoridades de saúde, Pinto da Costa respondeu que era "tudo junto".

"Eles é que devem saber porque não atacam", acrescentou.

Ainda sobre o rival, o dirigente portista não esqueceu a polémica da integração e retirada de António Costa, primeiro-ministro, na comissão de honra da recandidatura de Luís Filipe Vieira.

Neste ponto, aludiu a Mário Centeno, o ex-ministro das Finanças que agora é governador do Banco de Portugal.

"Não me surpreendeu o apoio. Se calhar, no Banco de Portugal é que não permitem", disparou.

Um pouco antes, o líder dos dragões tinha considerado "inadmissível" a "falta de sensibilidade das pessoas que mandam em relação ao desporto", acrescentando a Direção-Geral da Saúde, "que não sabe minimamente o que é o desporto".

"É ridículo e impossível aceitar que os camarotes tenham que estar vazios, nem que fosse uma pessoa por camarote", continuou o dirigente, comparando a situação do futebol com "as touradas cheias" e uma recente reunião do PS, "em Coimbra, com a sala cheia e a maioria das pessoas sem máscara".

"Em tempos, [os governantes] gabaram-se a eles próprios do milagre que havia em Portugal. Agora o milagre desapareceu e a culpa é do futebol? Se o milagre se transformou num pecado mortal não é por culpa do futebol, se calhar é pelas touradas, por esses congressos, pelos cinemas abertos, por humoristas a fazer espectáculos, é por concertos em recintos fechados... E o futebol é que paga? Inadmissível", reforçou.

Sobre a "incompetência" no poder político, Pinto da Costa mirou o secretário de Estado do Desporto, que "é desmentido" quando se pronuncia, insinuando que só foi nomeado para gerir "tensões" entre as várias "tendências" no poder.

"É ridículo o secretário de Estado dizer que se vai tratar e vir uma senhora [Graça Freitas, diretora-geral da Saúde] dizer que esse senhor não sabe o que diz", registou.

O presidente do FC Porto lamentou, depois, a falta de apoios para o futebol, tanto mais que o setor continua a ser prejudicado pela proibição de público nos estádios.

"Se o Governo fizesse um bocadinho de nada já fazia mais", considerou.

Pinto da Costa falou também do "centralismo", que o 25 de Abril ajudou a combater, mas que não fez desaparecer.

"Não é que não haja centralismo agora, talvez tenha é menos descaramento. Era um fatalismo, Lisboa mandava e tínhamos que aceitar. O 25 de Abril acabou com muitas coisas, veio repor a verdade em muitos setores e um deles foi o futebol", argumentou.

Na mesma entrevista, o histórico dirigente portista sublinhou a dimensão internacional do clube para deixar uma 'bicada' aos rivais.

"Basta ver o palmarés, ganhámos sete provas internacionais desde 1987 e mais ninguém venceu nada", concluiu.