Portugal
“Missão já está cumprida em termos financeiros”, garante Fernando Gomes
2021-03-12 21:10:00
Administrador salienta que a campanha na Liga dos Campeões vai ajudar o FC Porto a cumprir o fair-play financeiro

A campanha do FC Porto na Liga dos Campeões tem sido motivo para diversos elogios no capítulo desportivo, em especial depois do afastamento da Juventus e consequente passagem aos quartos de final, mas o administrador financeiro da SAD do FC Porto, Fernando Gomes, prefere salientar a ‘vitória’ em termos financeiros.

Numa temporada em que a pandemia de covid-19 teve um impacto direto de 27 milhões de euros nas contas dos dragões, os prémios da ‘liga milionária’ ajudam a que o FC Porto esteja cada vez mais próximo de “cumprir as metas do fair-play financeiro e sair deste aperto em que estávamos até aqui”.

“Porque fomos à Champions e sobretudo porque temos tido um bom percurso, a nossa missão já está cumprida em termos financeiros”, explicou Fernando Gomes.

Já com a mira no cumprimento das “regras restritas” do fair-play financeiro, os dragões realizaram também “uma venda acrescida de passes de jogadores”.

“Tudo isso possibilitou-nos encarar de alguma forma com menos preocupação do que outros clubes, por causa destas receitas que foram grandes. Nós atingimos um valor financeiro na ordem dos 75 milhões de euros em vendas num ano de covid. Estes 27 milhões são o resultado direto financeiro para o FC Porto e é uma dificuldade muito grande”, complementou o administrador da SAD azul e branca.

Em declarações na FC Porto TV, Fernando Gomes deixou ainda fortes críticas ao Governo por não apoiar o setor do desporto, durante esta pandemia, e ainda dificultar os exercícios financeiros dos clubes com os atrasos na devolução do IVA.

“A incompreensão por estes problemas foi brutal, não houve rigorosamente nenhum incentivo, nenhum apoio. As especificidades do futebol são muito diferentes das de uma indústria no sector produtivo do país, encontrámos aqui algumas dificuldades adicionais que os outros países não sentiram, nomeadamente a nível de impostos, o que nos traz dificuldades acrescidas. É lamentável o que está a acontecer, não tivemos nenhuma diminuição de impostos, temos de cumprir com todos os impostos que tínhamos até aqui, não aconteceu noutros países, como Itália ou Espanha, por exemplo, estamos a cumprir com o mesmo quadro fiscal que tínhamos até aqui e ainda por cima estamos a ter dificuldades na devolução de receitas”, afirmou.

“Contamos com a devolução do IVA para podermos fazer alguma receita adicional. Em outubro, pedimos a devolução de sete milhões de euros relativos ao IVA. O Governo tinha até 31 de dezembro para poder devolver esse IVA, não o devolveu, só notificado pelo tribunal é que veio cumprir a 5 de janeiro. Quisemos uma resposta, não a tivemos e fomos obrigados a recorrer ao tribunal de novo, para nos explicarem o que se estava a passar e disseram-nos que não sabem quando é que vão devolver os outros três milhões de euros. Tinham que ter cumprido até 31 de dezembro, estamos em março, não sabemos ainda quando é que vamos receber três milhões de euros e entretanto já temos mais 1,750 milhões para receber”, pormenorizou Fernando Gomes.