Nos últimos anos, a taxa de acerto do FC Porto nas contratações de centrais está apenas ligeiramente acima dos 50%
Martins Indi foi vendido esta sexta-feira ao Stoke City, com o FC Porto a recuperar quase todo o investimento feito no jogador, mas sem ter tido o retorno desportivo que esperava do holandês que foi o segundo central mais caro da história do clube. Desde a saída de Bruno Alves, em 2010, o FC Porto não teve mais nenhum grande central português da sua formação a afirmar-se no onze inicial e tem recorrido ao mercado para procurar quem ocupe a posição. Nessa busca, tem tido diferentes graus de sucesso.
Desde 2010, olhando os principais centrais contratados (em termos do investimento que exigiram) conclui-se que a taxa de acerto do FC Porto nestas contratações está apenas ligeiramente acima dos 50%. Se Otamendi, Mangala, Felipe e Marcano foram apostas claramente bem sucedidas, o mesmo não se poderá dizer de Martins Indi, Reyes e Boly.
Como se pode ver no gráfico, o passe de Martins Indi foi o segundo maior investimento do FC Porto num central, apenas superado por Otamendi, sendo que o passe do argentino foi pago em duas partes. O FC Porto começou por pagar quatro milhões de euros por metade do passe e, só na época seguinte, pagou os restantes quatro milhões para ficar com a totalidade dos direitos económicos do jogador.
Otamendi, como se sabe, foi uma contratação bem-sucedida do clube, assumindo-se desde cedo como titular na equipa e sendo, posteriormente, vendido por 12 milhões de euros ao Valencia CF. Martins Indi até foi bastante utilizado nas suas duas primeiras épocas no Dragão, mas sem nunca atingir o nível de Otamendi ou Mangala, por exemplo, e esteve emprestado durante a última temporada, sendo agora vendido pelo mesmo valor que custou o seu passe (7,7 milhões de euros), mas com o FC Porto a ‘perder’ aquilo que gastou em encargos com a transferência (como comissões), que ascendeu a 600 mil euros.
Caso parecido é o de Diego Reyes, o terceiro mais caro na história do passe, ou mesmo o mais caro, se considerarmos não apenas o custo do passe, mas também os encargos com a transferência. O central mexicano, tal como Martins Indi, esteve emprestado durante temporada e ainda não justificou em campo o valor investido pelos “dragões” que, pouco tempo depois de terem adquirido 90% do seu passe, venderam 47,5% a um fundo, por 3,75 milhões de euros. Outro central que ainda não justificou o valor em si investido foi Boly, cujo passe custou 6,5 milhões de euros ao FC Porto, mas teve muito pouca utilização durante a temporada passada e, este ano, foi emprestado ao Wolverhampton WFC, de Nuno Espírito Santo.
Por outro lado, Mangala, Felipe e Marcano são casos claros de sucesso, sendo que o passe do defesa central espanhol teve um custo bastante modesto (2,65 Milhões de euros), comparando com alguns dos outros centrais contratados. Mangala custou tanto como Boly e tornou-se numa das maiores vendas de sempre do FC Porto, ao ser transferido para o Manchester City por 54 milhões de euros (ainda que parte do passe do jogador pertencesse a um fundo na altura da transferência).
Com a saída de Martins Indi, o FC Porto fica com apenas três centrais no plantel principal – Felipe, Marcano e Reyes – tendo Jorge Fernandes, na equipa B, que participou em dois jogos da pré-temporada. É possível que o clube volte ao mercado para contratar mais um central, sendo que, como se viu nos últimos anos, o valor investido não é garantia de sucesso.