Portugal
Marcelo critica "leveza excessiva" na preparação dos festejos do título
2021-05-13 21:30:00
Presidente da República admite que "as pessoas sentem-se mais à vontade neste desconfinamento"

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, criticou esta noite a "leveza excessiva" das autoridades na "previsão e organização" dos festejos dos adeptos do Sporting pela conquista do título nacional, mesmo tendo em conta que "foram 20 anos de espera".

"Para ir aos factos que apurei, há uma leveza na ponderação das soluções alternativas ao Marquês de Pombal, uma leveza excessiva na ideia de criar condições para um aglmoreado muito grande de pessoas em torno do estádio e problemas de previsão, de organização e de funcionamento que levaram a que aquilo desembocasse no que desembocou", afirmou o chefe de Estado, na entrevista à RTP.

As aglomerações em torno do Estádio José Alvalade e na Rotunda do Marquês de Pombal podiam ter sido evitadas, mas não o foram: resta agora que sirvam de "lição", pois "temos ainda jogos de futebol" nos próximos dias, como "a final da Taça, a Champions", para além de "outras celebrações". "Temos de ter muito cuidado porque ainda faltam muitas semanas e meses e não podemos recuar", alertou.

"Houve a preocupação de evitar o aglomerado de 100 mil pessoas no Marquês de Pombal e essa preocupação era comum à Câmara de Lisboa, às forças de segurança e ao Sporting. E, talvez por isso, minimizou-se os problemas de organização que levaram, por um lado, a uma concentração muito grande no estádio de Alvalade e, por outro lado, o atraso da equipa que fez com que aquele fenómeno fosse subindo", acrescentou o Presidente.

Sem querer atribuir responsabilidades, Marcelo lembrou que os adeptos que participaram nessa aglomerações têm de meter a mão na consciência. "Há várias instituições que acabam por serem chamadas a ponderar como prevenir este tipo de situações. Provavelmente, era possível ter pensado nas consequências das alternativas ao evitar a concentração no Marquês de Pombal. Agora, não é possível ter um polícia ou fiscal atrás de cada cidadão", afirmou.

Os festejos em Lisboa, com aglomerações de milhares de pessoas, contrastaram com a ausência de celebrações no Porto no final da temporada passada, quando o FC Porto foi campeão nacional. "O problema é que este ano as pessoas sentem-se mais à vontade no desconfinamento", explicou o chefe de Estado: "Isso também é errado. O clima também é mais liberto, excessivamento liberto".

Evitando pronunciar-se sobre o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, Marcelo revelou que, peo "juízo político pessoal", a situação "não correu bem". "Por isso é que eu intervim logo, até amigos meus me disseram que tinha sido duro de mais, mas não queria ser em relação a cada uma das pessoas na sua motivação, mas em relação ao resultado global que não tinha sido positivo para o esforço que estamos a fazer", finalizou.