Portugal
Luso-descendentes costumam pegar de estaca na Seleção
2017-11-03 17:05:00
Rony Lopes e Kévin Rodrigues integraram os eleitos do técnico da equipa nacional

Entre as várias novidades da convocatória de Fernando Santos para os jogos de preparação com a Arábia Saudita e os Estados Unidos da América, encontram-se Rony Lopes (na foto) e Kévin Rodrigues. Internacionais pelas camadas jovens lusitanas, o médio e o lateral-esquerdo podem seguir as pisadas de outros luso-descendentes que chegaram, jogaram e ficaram na Seleção Nacional de forma consistente.

Nascido no Brasil, Rony Lopes é filho de mãe portuguesa, tendo-se mudado para o nosso país com tenra idade. Jogou no Benfica e o foi contratado pelo Manchester City enquanto adolescente. O AS Mónaco é agora a sua casa, onde até marcou um golo no mais recente jogo para a Liga dos Campeões, na casa do Besiktas. Já Kévin Rodrigues, com pais portugueses, nunca jogou em Portugal mas está a dar nas vistas na Real Sociedad. Depois de alguns jogos nos sub-21, é a vez de fazer parte da lista da equipa principal orientada por Fernando Santos.

Os dois estão longe de serem os primeiros luso-descendentes na Seleção Nacional. Nos últimos anos, vários filhos de portugueses criaram nome na seleção das quinas e mostraram que a convocatória inicial não foi fogo de vista.

Danny (Slavia Praga)

Filho de pais portugueses, Danny nasceu em Caracas, na Venezuela. Mudou-se para a Madeira ainda jovem, tendo jogado no Marítimo até chegar a sénior. O Sporting contratou-o mas não conseguiu vingar nos leões, transferindo-se para a Rússia. Brilhou no Dynamo Moscovo e foi depois comprado pelo Zenit por 30 milhões de euros, tornando-se o jogador mais caro de sempre da Liga Russa. Dias antes de se tornar atleta da equipa de São Petersburgo, jogou com a camisola da Seleção Nacional pela primeira vez.

Estávamos a 20 de agosto de 2008 e Carlos Queiroz lançou Danny na segunda parte do jogo de preparação com as Ilhas Faroé que se realizou em Aveiro. Portugal ganhou 5-0 e o médio ofensivo entru para o lugar de Deco aos 55'. Desde então, Danny realizou mais 37 jogos pela equipa lusa, marcando quatro golos. Com ele, Portugal ganhou 20 jogos, empatou nove e perdeu outros nove. Não esteve presente no Europeu de França e já não joga desde março de 2016, mas continua a ser convocável por Fernando Santos.

José Bosingwa

Nascido no Zaire, antiga República Democrática do Congo, Bosingwa é filho de pai português e veio para Portugal enquanto criança. Formou-se no Boavista e chamou a atenção do FC Porto, onde se sagrou campeão europeu em 2004. Estreou-se pela Seleção Nacional em 2007, pela mão de Luiz Felipe Scolari, e foi o dono do lugar nos anos que se seguiram.

No total, Bosingwa contou 27 internacionalizações, não marcando qualquer golo. O lateral-direito teve um registo de 16 vitórias, sete empates e quatro derrotas por Portugal. Jogou ainda no Chelsea, Queens Park Rangers e Trabzonspor. Os turcos foram o seu último clube, em 2015/16.

Cédric Soares (Southampton FC)

Cédric nasceu na Alemanha, filho de imigrantes portugueses, e voou para o país dos pais com apenas dois anos. Pouco tempo passou até ser recrutado pelo Sporting, o clube onde passou mais de 15 anos da sua vida (com um empréstimo à Académica pelo meio). Na última temporada de leão ao peito, em 2014/15, Fernando Santos promoveu a estreia de Cédric pela Seleção Nacional, depois de ter brilhado por todos os escalões jovens.

Não demorou a ganhar o lugar mais à direita na defesa lusa, o que não deixa de ser de notar dada a concorrência de alto nível a que está sujeito: Nélson Semedo, João Cancelo, Ricardo Pereira, entre outros. Foi um dos heróis que ganharam o Europeu de 2016 e já fez 25 jogos por Portugal. Tem um golo, 17 vitórias, três empates e cinco derrotas e, tudo indica, não ficará por aqui.

Adrien Silva (Leicester City)

A sua mãe deu à luz em França e Adrien, cujo pai é português, até começou a jogar futebol no Girondins Bordéus. Contudo, veio para Portugal e jogou num clube da zona de Arcos de Valdevez até ser contratado pelo Sporting. A ascensão no clube leonino não foi fácil e até teve de ser emprestado a dois clubes (Maccabi Haifa e Académica) antes de se tornar titular indiscutível e, nos anos mais recentes, capitão de equipa.

Tal como Cédric, foi Fernando Santos quem colocou Adrien em campo pela primeira vez na equipa principal da Seleção Nacional depois do médio ter brilhado dos sub-16 aos sub-21. Contudo, ao contrário do lateral-direito, Adrien não é tantas vezes titular, mas o selecionador não prescinde do centrocampista sempre que este está disponível. A concorrência também é forte - Moutinho, João Mário, André Gomes, Pizzi...

Esteve no Campeonato da Europa de França e já jogou 20 vezes por Portugal (um golo, 12 vitórias, três empates e cinco derrotas).

Adrien Silva, Anthony Lopes e Cédric (esquerda-direita) não nasceram em Portugal mas isso não os impediu que fizessem parte das convocatórias regularmente (Mário Cruz/Lusa)

Raphael Guerreiro (Borussia Dortmund)

Ao contrário dos anteriores, Raphael Guerreiro não veio para Portugal enquanto criança depois de ter nascido em França. Aliás, o filho de pai português nunca jogou por um clube lusitano. Formado no SM Caen, formação onde deu também os primeiros passos a nível profissional, foi contratado pelo FC Lorient, onde brilhou tanto que Fernando Santos estreou-o diante da Arménia com apenas 20 anos.

O médio/lateral-esquerdo, hoje no Borussia Dortmund, tem atravessado algumas lesões, mas costuma ser o escolhido quando está apto. Foi assim no Europeu de França, em que jogou a maioria dos encontros, incluindo a final. Já marcou dois golos nas 15 vitórias, três empates e duas derrotas (20 jogos) que tem pela Seleção Nacional.

Anthony Lopes (Olympique Lyon)

Filho de mãe francesa e pai português, Anthony Lopes também nasceu em França e formou-se no Olympique Lyon, clube onde ainda está e é titular há várias temporadas. Jogou em todas as camadas jovens da Seleção Nacional até se estrear em 2015 num jogo de preparação com Cabo Verde pela mão de Fernando Santos.

Lopes tem tido o azar de jogar na mesma altura de Rui Patrício, dono e senhor das redes de Portugal. Contudo, quando o guardião leonino não é opção, Anthony Lopes parece ser a escolha primordial. Ainda não entrou em campo em qualquer partida oficial, ainda assim.