A missão deste clube do Campeonato de Portugal soa a algo parecido com um milagre.
Ao contrário de outras equipas – Sertanense e GS Loures, por exemplo –, o Lusitano de Vildemoinhos vai receber um dos grandes, o Sporting, na sua cidade. Terá de mudar de campo, sim, mas, pelo menos, receberá os leões em Viseu, no histórico Fontelo, para a Taça de Portugal. O objetivo é, em Viseu, na cidade das rotundas, colocar o Sporting às voltas.
A missão deste clube do Campeonato de Portugal soa a algo parecido com um milagre, mas o Bancada falou com Klysman Lucas, o goleador da equipa, que parece confiante. Confiante em tudo, menos na possibilidade de trocar de camisola com um craque. Já lá vamos. Antes, vamos à bola.
Fazer um xeque-mate no meio da floresta
Neste sábado, às 15h – deixemos um “bravo!” à escolha da hora –, o Fontelo (recentemente remodelado), bem no centro de Viseu, receberá uns quantos milhares de adeptos. Viseenses tranquilos e sem nada a perder, sportinguistas com a “obrigação” de ultrapassar a eliminatória. Mas atenção ao xeque-mate!
“Vamos pensar em desfrutar do momento tranquilamente, mas claro que o objetivo é escrever mais uma página na história do clube. A pressão estará do lado deles, portanto vamos esquecer que eles são os favoritos e fazer de tudo para darmos mais uma alegria aos nossos adeptos”, explica Klysman Lucas, ao Bancada, detalhando a receita para sábado. “A união é nosso ponto forte. Temos de tentar aguentar o máximo de tempo possível sem sofrer e surpreendermos com golo. Se conseguirmos contrariar as investidas do Sporting, chegará a um certo ponto em que isso jogará a nosso favor e, aí, podemos fazer xeque-mate”, dispara Klysman.
E por falar em Klysman: este rapaz reconhece que, para os jogadores do Lusitano, este jogo será uma montra. Sobretudo para alguém que tem marcado golos com fartura, no Campeonato de Portugal. “Na época passada fiz dez golos e, neste ano, já levo 7 sete. Jogar contra um grande dar-nos-á uma grande montra e marcar um golo seria a cereja no topo do bolo, se também passarmos a eliminatória”, explica, reconhecendo que os 28 anos já “pedem” um salto: “Pois, é verdade, já tenho 28 anos. Nem é bom lembrar. Há 10 anos estava a ter a minha estreia na Primeira Liga, com 18 anos”.
Klysman nasceu no Rio de Janeiro, mas veio cedo para Portugal. Fez toda a formação no Vitória de Guimarães e chegou mesmo a ser lançado por Manuel Cajuda em três jogos dos minhotos, em 2008/09. Fazia parte da célebre equipa que caiu no playoff da Liga dos Campeões, em Basileia, e partilhou o balneário com gente como Nuno Assis, Custódio, Moreno, Carlitos, Desmarets ou João Alves. A propósito, Desmarets já falou, ao Bancada, dessa eliminatória.
Voltando a Klysman, o início de carreira promissor não teve sequência e, após passagem por vários clubes dos distritais e do Campeonato de Portugal – bem como uma breve viagem pela Suíça –, o luso-brasileiro fixou-se no Lusitano.
Trocar de camisola? “Não podemos…”
Perguntámos a Klysman com que jogador do Sporting gostaria de trocar de camisola. Entre risos, o avançado lamentou: “Gostar de trocar até gostava, mas não podemos. Só temos uma camisola para a época”.
Ainda assim, Klysman garante que vai pedir a um jogador leonino para oferecer a camisola… sem troca. “Vou tentar pedir a algum jogador. Poderia ser a do Nani, do Montero, do Dost…”.
Vildemoinhos ladeia o centro de Viseu pelo lado esquerdo, enquanto o Estádio do Fontelo ladeia pelo direito. É, portanto, uma curta viagem pelas ruas centrais que separa o Lusitano do palco onde espera provocar aquela que será a maior surpresa desta Taça de Portugal.
“A euforia começou no dia do sorteio, mas tentámos abstrair-nos, porque ainda tínhamos três jogos para o campeonato. Nesta semana já não dá para ignorar o facto de que o jogo vai mesmo acontecer, portanto não só os moradores de Vildemoinhos como todos os viseenses e pessoas de outras cidades virão em peso apoiar-nos ou ver o Sporting. Espero que seja uma grande festa e que a vitória seja nossa”.
António Loureiro, presidente do clube, disse, ao jornal “O Jogo”, que “tem havido muita gente desesperada que já não consegue arranjar bilhete. Infelizmente, a lotação do Fontelo é sensivelmente à volta de sete mil lugares e não podemos fabricar mais”.
Mesmo sem jogar, o Lusitano já está a ganhar: vai ter uma bela festa de Taça, em Viseu, vai receber um dos grandes do futebol português e vai, como acordado com o clube leonino, ficar com toda a receita deste jogo. Está mais do que ganho. O jogo, esse, será só uma cereja.