Portugal
"Legitimados para futuro todos os negócios de Alexandre Pinto da Costa"
2023-11-08 14:50:00
"Aberta a porta para a total discricionariedade. É o que a Direção entender", diz sportinguista sobre FC Porto

O FC Porto está em mudança no que aos estatutos diz respeito e Carlos Barbosa da Cruz, advogado e antigo dirigente dos leões, diz estar atento às formulações que estão previstas para a vida do clube azul e branco, chamando-lhe a atenção o artigo 45, do qual falou num artigo de opinião que assina nas páginas do Record.

Para Carlos Barbosa da Cruz, "o tema é simultaneamente simples e assustador". E sobre ele deu conta, citando que no artigo 45º dos atuais estatutos do FC Porto é realçado o âmbito das 'Incompatibilidades e Impedimentos'.

Aí, o advogado diz que está referido que "é vedado aos titulares dos órgãos sociais do clube realizar, por si ou por interposta pessoa, quaisquer negócios com o clube ou com qualquer sociedade em que o clube exerça, direta ou indiretamente, influência dominante, salvo quando haja sido precedido de concurso público ou obtido o prévio parecer favorável do Conselho Fiscal".

Todavia, o Conselho Superior do FC Porto, que tem a missão de rever os Estatutos, "propõe que a redação deste artigo seja alargada no sentido que estas operações sejam também possíveis, ‘quando sejam do manifesto interesse do club''".

Com isto e para o ex-dirigente verde e branco Carlos Barbosa da Cruz fica "aberta a porta para a total discricionariedade" na vida do emblema que é liderado há mais de 40 anos por Pinto da Costa.

"É o que a direção entender. Em qualquer instituição, este propósito seria, no mínimo, questionável; no FC Porto, onde pairam fumos de nepotismo e promiscuidade entre o presidente e os seus próximos, esta alteração é claramente suspeita", defendeu Carlos Barbosa da Cruz.

"Curioso de saber o que pensa a, agora despertada, nação portista sobre esta proposta"

O advogado e antigo diretor do Sporting vai mesmo mais longe e traça uma ideia que, a seu ver, permitirá a Alexandre Pinto da Costa, filho do atual presidente dos portistas, fazer negócios com a sociedade azul e branca.

"Com esta formulação, ficam branqueados e legitimados para o futuro, todos os negócios de Alexandre Pinto da Costa com o clube, os quais, como se sabe, são, juntamente com a figura de Pedro Pinho, o núcleo da investigação judicial conhecida como ‘operação prolongamento’…"

No Record, Carlos Barbosa da Cruz sublinha ainda estar "curioso de saber o que pensa a, agora despertada, nação portista sobre esta proposta". "Para mim, é mais uma manifestação, talvez mais descarada do que o costume, do sistema vintage no seu esplendor", concluiu.