O reforço do Benfica pode chegar à Luz para atuar como ‘oito’ ou ‘dez’ e Luís Castro descreve ao Bancada o antigo pupilo
A epítome da versatilidade entre jogar na posição ‘oito’ e na posição ‘dez’. Aos 21 anos, Filip Krovinovic culminou duas épocas de desenvolvimento e evolução no Rio Ave com a confirmação da transferência para o Benfica, sendo um dos reforços dos encarnados para a próxima temporada. O médio croata apresenta-se como solução para uma das principais lacunas das ‘águias’ em tempos recentes, uma alternativa viável a Pizzi para o setor central da zona de meio-campo.
Krovinovic pode então vir a desempenhar papel fulcral para as aspirações do Benfica na época que se aproxima, tendo em conta que é um jogador que tanto pode atuar, com a mesma qualidade, como médio-centro ou médio ofensivo, nas palavras de Luís Castro, treinador do GD Chaves, que catapultou o croata ao conceder-lhe a titularidade plena no Rio Ave na temporada passada. “É um jogador de grande potencial. Tem características de um médio com claro pendor ofensivo, que está ainda num percurso de ascensão”, começou por referir Luís Castro em declarações ao Bancada.
Ao serviço dos vilacondenses, Krovinović atuava numa posição mais ofensiva do setor centrocampista, habitualmente com dois médios mais recuados em zona central. No Benfica, segundo o que tem vindo a ser a norma na estadia de Rui Vitória no comando técnico dos encarnados, o croata irá encontrar um meio-campo povoado com dois jogadores pelo centro (habitualmente Pizzi e Fejsa, como foi observado na temporada passada), número inferior ao que ocorria em Vila do Conde (na segunda metade da época, com Petrovic, Tarantini e o próprio Krovinovic), mas tal situação não será penalizadora para o jogador, segundo Luís Castro.
“[Krovinovic] Pode jogar numa linha de quatro médios como numa de três, tanto a atuar na posição ‘oito’ como na posição ‘dez’. É um jogador ainda com muito caminho por percorrer, devido à idade que tem. Em termos de evolução, ainda pode crescer muito mais. Num contexto como é o do Benfica, certamente vai mostrar cada vez mais qualidade no seu jogo”, considerou o técnico de 55 anos.
Luís Castro apontou ainda que a “capacidade física, técnica e de compreensão” de Krovinovic serão fatores fulcrais para a adaptação do croata ao Benfica, quer seja para atuar numa zona mais ofensiva ou mais recuada do terreno. É um jogador muito maleável. Além da inteligência de jogo que transporta, é uma pessoa muito verdadeira e honesta, adquire e absorve conhecimento de forma muito rápida”, salientou o novo timoneiro do GD Chaves.
O lapidar da transição defensiva
Terminou a época a titular, porém não era essa condição de Krovinović no início de 2016/17. Depois de uma primeira temporada de adaptação em solo português, 2015/16, na qual disputou 17 encontros pelos vilacondenses, dez como titular, ainda sob o comando de Pedro Martins, o médio teve que conquistar um lugar no onze inicial de Luís Castro através do trabalho (depois da passagem de Nuno Capucho pelo comando técnico do Rio Ave). De acordo com Luís Castro, faltava uma peça fundamental no jogo de Krovinovic: a transição defensiva, momento que o croata teve que aprimorar.
“Ele esteve comigo praticamente mês e meio a dois meses em que não foi titular absoluto, ia jogando. Tinha problemas defensivos que minimizavam as hipóteses de ser utilizado. O jogo não vive apenas de momento ofensivo, vive sim de todos os momentos e a transição defensiva dele era deficiente, foi algo com que nós nos preocupámos, além de que no momento ofensivo também havia algumas situações que era importante retificar”, revelou Luís Castro ao Bancada.
A perceção da necessidade de aprendizagem e melhoramento nas tarefas defensivas, originaram um percurso levado a cabo por Krovinovic e pela equipa técnica do Rio Ave, que culminou com a conquista de um lugar de peso no onze da turma de Vila do Conde. Ele teve a capacidade e a paciência necessária para trabalhar e esperar o momento e quando eu entendi que o jogador estava pronto para ser exposto de uma forma mais sustentada fizemo-lo. É fundamental dizer que o mérito da ascensão do ‘Krovi’ é dele próprio”, vincou o técnico.
Onde encaixa no Benfica?
Como já foi referido, Krovinovic chega ao Benfica como opção viável para alternativa no onze a Pizzi. O croata ficou proclamado esta época a jogar numa posição mais ofensiva do setor centrocampista, porém no Benfica o lugar atrás do ponta de lança está atribuído a Jonas, pelo que aparenta ser tarefa complicada a utilização de Krovinovic nessa posição dentro das quatro linhas. Ora, soluções para a frente ofensiva não faltam às “águias” (Rafa Silva, Franco Cervi, Zivkovic e Carrillo podem também atuar como avançados mais recuados, tendo em conta ainda a contratação de Seferović), em contraste com o que sucede na posição de médio-centro (Filipe Augusto e Samaris foram entrando para esse lugar para ‘segurar’ as partidas e André Horta não tem sido opção para Rui Vitória).
Uma mudança de Vila do Conde para a Luz pode causar impacto no tipo de futebol exibido dentro do terreno pelos jogadores, sendo que o Benfica é defendido pelos adversários de forma díspar do que o Rio Ave, tendo menos espaço no meio-campo ofensivo, mas tal situação não será um problema para Krovinovic, nas palavras de Luís Castro. “[Menor espaço em campo para decidir com bola controlada] Isso já acontecia no Rio Ave, que foi uma equipa com uma elevada percentagem de posse de bola no meio-campo adversário e que conseguia gerir o jogo no meio-campo contrário”, salientou o treinador.
Krovinović chega assim ao Estádio da Luz como uma das opções viáveis para Rui Vitória na próxima temporada, após uma época de plena afirmação ao serviço do Rio Ave, que culminou ao ser um dos principais destaques (33 encontros disputados e cinco golos apontados) do campeonato português em 2016/17.