Portugal
"Juve Leo achava que mandava no Sporting e passou a invadir e agredir atletas"
2021-07-30 16:45:00
Varandas afirma que a claque foi transformada numa "guarda pretoriana" para manter dirigentes no poder

Frederico Varandas, antigo elemento da Juventude Leonina (Juve Leo), acusou esta claque do Sporting de se ter transformado “num monstro”, depois de ser utilizada como "uma guarda pretoriana" por dirigentes que se queriam “perpetuar no poder”.

Numa entrevista que faz manchete da revista E, do jornal Expresso, o dirigente lembrou que fez parte da claque na adolescência, tendo visto alguns “excessos”, que interpretou como sendo fruto do “amor genuíno pelo clube, sem pedir nada em troca”.

O problema foi que, “na última década”, as “direções” do Sporting começaram a pedir algo em troca. “Essa mesma claque foi-se desviando do seu princípio”, sustentou Varandas, defendendo que as claque se tornaram num “problema” para o clube “por culpa das direções na última década”.

“Fizeram das claques a sua Guarda Pretoriana para se perpetuarem no poder. E as claques apoiavam incondicionalmente a direção em troca de dinheiro e tentavam calar alguém sempre que criticasse essa direção”, acusou o atual presidente do Sporting.

Essa estratégia das direções leoninas, para além de ser “uma vergonha”, mostrou ser “sobretudo estúpida”, pois acabou por criar “um monstro que no fim se virava sempre contra a própria direção” que lhe tinha dado ‘vida’.

A prova, no entender de Frederico Varandas, foi o ataque à Academia de Alcochete, em 2018, consensualmente reconhecido pelo universo leonino como o pior momento na história do clube.

“Pôr termo à relação promíscua com essa claque era um passo fundamental para devolver a liberdade ao Sporting. Essa claque achava, aliás, que mandava no clube: demitia direções, treinadores e passou a invadir e agredir atletas”, afirmou.

Além de visar as anteriores direções do Sporting e as claques, Varandas disparou também contra os “notáveis” que, ao longo de anos, foram alimentando a “espiral que ia matando o clube”.

“Quando ganhei as eleições, há quase três anos, o principal adversário do Sporting era a instabilidade criada pelo próprio clube. Só após o segundo ano de mandato é que finalmente comecei a preocupar-me com os nossos rivais. Mais do que o Benfica ou o FC Porto, o nosso maior adversário era a instabilidade”, salientou.

Por essa altura, o Sporting caminhava para mudar de direção “semana a semana”, bastando para tal “um ano desportivo mal conseguido”. E essa “espiral” era criada pelas claques “e também por um conjunto de ‘notáveis’ que se olham com muita importância no Sporting, mas que de facto não têm nenhuma importância para os sócios”.

De acordo com o dirigente leonino, basta um desaire para que os “notáveis” apareçam logo a dar entrevistas sobre “como se deve fazer” no Sporting. “Dão ‘bitaites’, sabem tudo, mas nunca ganharam nada”, acrescentou.

“A larguíssima maioria dos sócios já percebeu esse comportamento e não alimenta esse ruído. Mas, comigo ou sem mim, a estabilidade é um pilar essencial para o sucesso desportivo. E a primeira condição dessa estabilidade é o respeito e o cumprimento dos mandatos dos órgãos sociais eleitos pelos sócios. Os mandatos têm de ser cumpridos. Sem isso, o sucesso desportivo será uma miragem”, concluiu o presidente do Sporting.