Jorge Jesus já várias vezes usou jogadores destros como laterais-esquerdos, pelo que, agora, podem ser Piccini e Ristovski as próximas “invenções” do técnico. Com a lesão de Jonathan Silva – apontada, nesta terça-feira, para cerca de três meses –, soam os alarmes para o lado esquerdo da defesa do Sporting. Sobra Fábio Coentrão, jogador cuja saúde física não lhe permite fazer todos os jogos, e, por isso, fica a questão: quem são as alternativas?

- Mathieu

- Bruno César

- Acuña

- Piccini

- Ristovski

As três primeiras ficam para abordar mais à frente. Para já, focamo-nos em Piccini e Ristovski, dois laterais direitos. O Bancada falou com Cabral, internacional português que jogou em ambas as laterais, que garante que “tinha facilidade em jogar do lado esquerdo porque conseguia jogar bem com os dois pés”.

Para o ex-jogador, a adaptação de Piccini ou Ristovski, laterais direitos, dificulta ofensivamente, mas não muda muito do ponto de vista defensivo. “Em termos de posicionamento é mais ou menos igual”, diz, antes de destacar até uma vantagem: “Se vier um extremo que vá para dentro, vai ao encontro do pé direito desse lateral, facilitando a abordagem”.

Ofensivamente, a história é bem diferente. “Estar do lado esquerdo, mas só ter pé direito acaba por dificultar a nível da receção, do passe e, sobretudo, do cruzamento”, disse, explicando que “esse lateral seria obrigado a parar e puxar para o pé direito”, o que facilita a ação do adversário e prejudica a fluidez e qualidade do processo ofensivo da sua equipa.

Não será inédito com Jesus

Na última temporada, Jorge Jesus viu um lateral esquerdo em Esgaio que, até aí, era um lateral direito. Mesmo tendo disponíveis Bruno César, Jefferson e Zeegelaar. Jesus justificou a opção para esse jogo, frente ao Vitória de Guimarães: “Coloquei o Esgaio porque o Hernâni é um ‘pé fechado’, joga muito por dentro. Pensei que o Esgaio, que é um jogador rápido, conseguisse travar o Hernâni”.

No passado, outros jogadores destros foram colocados à esquerda. André Almeida estreou-se com Jesus nesse lugar, Sílvio, que já tinha passado nesse lugar, foi outro dos utilizados, e até David Luiz, central, chegou a ser colocado a lateral esquerdo (neste último caso, pareceu ser mais uma questão de solidez aérea do que para controlar um extremo em específico).

O francês, o argentino e o brasileiro

Importa destacar que nem Ristovski nem Piccini seriam "invenções" totais. Ambos já fizeram essa posição, no passado. O macedónio, segundo dados do "Transfermarkt", já jogou quatro vezes a lateral esquerdo e o italiano já o fez uma vez. Para além de Ristovski e Piccini, Jorge Jesus pode optar por soluções mais convencionais.

Mathieu, Acuña e Bruno César, três canhotos que já fizeram essa posição durante a carreira, podem ser opções, mas há questões a analisar.

Mathieu tem formado uma dupla sólida com Coates, pelo que é pouco crível que Jesus abdique de ter o francês no meio, sobretudo pela qualidade na verticalização do jogo que o técnico tanto aprecia em Mathieu. Acuña faz todo o corredor na seleção argentina, mas, no Sporting, tem sido um dos grandes municiadores dos avançados, devido à sua qualidade no cruzamento. Não deixaria de os fazer, como lateral, mas estaria mais longe das zonas de decisão e criação. Por fim, há ainda Bruno César. O “faz tudo” de Jesus já jogou nessa posição com este treinador, mas, enfrentando extremos rápidos, poderá ter dificuldades.

Considerando estas questões, não será surpreendente que Jesus olhe para Ristovski ou Piccini como opções nos dias em que Fábio Coentrão não puder jogar. Como vimos, até pode perder fluidez ofensiva e capacidade de ganhar a linha e cruzar, mas, defensivamente, as desvantagens são mínimas.