Portugal
"Jogam abertos, apanham quatro e é futebol positivo. Quando vai o autocarro..."
2020-10-21 10:55:00
Vítor Oliveira comenta as estratégias de perda de tempo nos jogos em Portugal

Vítor Oliveira entende que a generalidade das equipas portuguesas tenha de utilizar estratégias de antijogo quando defrontam equipas mais poderosas e admite que até acha alguma piada quando ouve treinadores, nas antevisões aos jogos, dizerem que que querem jogar olhos nos olhos contra Benfica e FC Porto.

"As coisas jogam-se muito dentro dos nossos interesses. A generalidade das equipas portuguesas não podem jogar olhos nos olhos com Benfica e FC Porto", afirmou o treinador, destacando que águias e dragões estão num patamar "substancialmente superior" aos restantes clubes da I Liga.

"Acho muita piada quando dizem que vão jogar olhos nos olhos e depois dá mau resultado, normalmente. As situações são incomparáveis. Temos de ter uma estratégia de manhas. Não é só o tempo que se perde mas a quebra que se vai provocando no jogo ao nível da motivação da outra equipa", afirmou Vítor Oliveira, lembrando que quando se joga aberto e se apanham quatro ou cinco golos os treinadores são descritos como autores de "um futebol positivo". Mas "quando vai o autocarro" e até conseguem o "pontinho", aí, as críticas são várias.

Deixando claro que não gosta das estratégias de perda de tempo, assunto que esteve em destaque há poucas semanas quando o Marítimo de Lito Vidigal visitou o Dragão, Vítor Oliveira entende que "se o jogo foi corrido" as equipas com jogadores não tão experimentados vão "acusando o desgaste".

Em declarações na Quarentena da Bola, Vítor Oliveira está segudo de que "quem pode acabar com isto são os árbitros" e explica como: "Se o árbitro chegar lá [fim do tempo regulamentar] e der 14 ou 17 minutos de descontos...".

Vítor Oliveira considera que "só quando percebermos que o antijogo vai ser severamente penalizado é que vamos mudar comportamentos" no futebol nacional.

O histórico treinador, conhecido como o rei das subidas à I Liga, lembra que cada equipa tem de saber as peças que tem para atacar os seus objetivos.

"Não se pode fazer de um tamanco um sapato de verniz. Agora, é preciso sapato de verniz, tamancos e jogadores que se possam complementar. Uma equipa de futebol é como uma orquestra em que uns tocam violino, violoncelo e outros tambor".

Na conversa com a Quarentena da Bola, Vítor Oliveira aproveitou ainda para assegurar que, ao contrário do que se possa pensar, os convites para treinar na I Liga não foram assim tantos quanto isso. "Nunca tive grandes convites de I Liga".

Vítor Oliveira apelou ainda a que os agentes de futebol saibam passar uma mensagem positiva para que o desporto possa crescer em Portugal, uma vez que "as pessoas ficam completamente cegas na defesa do clube".

"O futebol não é uma guerra. É horrível perder. Eu costumo dizer que mais vale ser cão mas na semana seguinte temos sempre possibilidade de ganhar", disse, lembrando que é necessário "passar uma mensagem diferente".

"O futebol é só um jogo. Porventura, o melhor jogo do mundo. Podemos vê-lo tranquilamente. Temos de perceber que só pode haver um campeão. Independentemente das equipas fazerem campeonatos fantásticos só um pode ser campeão", detalhou Vítor Oliveira, que falou também no caso específico do Sporting que procura chegar-se à frente com muitos jovens da formação nas suas fileiras.

"O Sporting é uma equipa que tem potencial mas se não lhes derem tempo vai ser destruída", alertou Vítor Oliveira, deixando claro que "toda a gente do futebol sabe que o Sporting está distante do Benfica e do FC Porto. Toda a gente percebe. É inquestionável."