Os elogios de Fernando Santos, o selecionador nacional, a Gedson Fernandes, médio que o Benfica emprestou ao Galatasaray depois de meia época discreta no Tottenham (também por empréstimo), levaram Toni, um histórico das águias, a questionar a “política de empréstimos” seguida pelo clube.
Ao caso de Gedson, Toni somou os de Florentino e Ferro, “âncoras importantes” para uma equipa que, sob o comando de Bruno Lage, recuperou sete pontos de atraso para terminar o campeonato no primeiro lugar.
“O Bruno Lage aparece a lançar quatro ou cinco jogadores que foram o suporte dessa volta que permitiu ao Benfica ganhar o campeonato e que praticamente desapareceram. Desapareceram do Benfica o Ferro, o Florentino, o Gedson, quando foram âncoras importantes para essa reviravolta que aconteceu”, sustentou a antiga glória encarnada.
Esses jovens lançados por Bruno Lage foram tão importantes no onze do Benfica, no entender de Toni, como Nuno Mendes e Gonçalo Inácio estão a ser na atual temporada do Sporting, líder destacado do campeonato. No entanto, passaram de “aposta efetiva” – no caso de Gedson, reconhecida por Fernando Santos, “que o leva à seleção” – a emprestados.
“Parece que aquilo foram uns fogachos e [os jogadores] se foram perdendo... Houve ali um ‘reverse’ [na política desportiva] e eles saíram [por empréstimo]”, continuou.
Campeão pelo Benfica como treinador e jogador, Toni ficou admirado quando viu o clube emprestar os jovens que foram “o suporte” do Benfica campeão com Bruno Lage e que, com o mesmo técnico, entraria numa “espiral negativa” após ter fechado a primeira volta com 16 vitórias e apenas uma derrota.
“Naquela altura e com aquela idade ainda, foram o suporte [da equipa]. Alguma coisa aconteceu ali para que eles acabassem por sair. Foi uma surpresa, aliás, é uma surpresa não só essa situação, como a situação de espiral negativa em que a equipa do Benfica caiu”, considerou a lenda viva das águias.
Uma admiração com especial dimensão no caso de Gedson, que “estava com confiança” e despertou a atenção do selecionador nacional. “Estava a desenvolver todo o potencial que existe nele, como o Florentino, que me fazia lembrar o Shéu, um seis com uma leveza no cobrir dos espaços. E depois desapareceram”, reforçou Toni, num comentário para o Canal 11.
Gedson seria emprestado, no início da temporada, ao Tottenham. No entanto, o médio somaria apenas 14 jogos pelos ‘spurs’, sem qualquer golo ou assistência, não chegando a totalizar 500 minutos em campo. No mercado de janeiro, o internacional português acabaria por rumar ao Galatasaray. Em apenas sete jogos, fez um golo e já acumula 504 minutos.
“Felizmente que no Tottenham estava um treinador que o conhecia, o José Mourinho, mas é preciso identificar uma série de fatores” na hora de escolher o clube mais adequado para um jogador ‘rodar’, defendeu ainda o ex-treinador do Benfica.
A situação de Gedson Fernandes esteve em destaque na recente entrevista dada pelo selecionador nacional. “É dos jogadores que mais me impressionaram”, confessou Fernando Santos.
“Achei que iria ser um jogador que, com alguma regularidade, iria ser chamado à seleção. De repente, Gedson desapareceu. Não desapareceu do radar, mas deixou de jogar. Deixou de jogar e a carreira dele estagnou um pouco. Não teve a evolução que se esperava”, complementou o selecionador.