Com virtudes e defeitos, com vitórias e derrotas, com conquistas e desaires, Jorge Jesus é uma das figuras do futebol português das últimas décadas. O técnico amadorense não deixa ninguém indeferente seja pelos seus métodos de trabalho, pela forma como comunica para dentro e para fora mas também pela maneira como analisa os jogos, os seus jogadores e os seus adversários.
Jorge Jesus foi uma grande aposta de Luís Filipe Vieira em 2009, quando o treinador dava 'cartas' no Minho ao serviço do SC Braga, já de António Salvador, que trepava patamares para o topo. Chegado à Luz em 2009, o treinador rapidamente construiu uma máquina de futebol ofensivo, tendo sido campeão nacional. Depois, seguiram-se épocas em que não foi tão vitorioso e outras em que tudo perdeu. Também teve temporadas de enorme sucesso com várias conquistas até que saiu para Alvalade.
Bruno de Carvalho era o presidente dos leões quando Jorge Jesus assinou pelo emblema verde e branco. Na casa do leão eram tempos de confiança de que tudo poderia correr pelo melhor. Com Bruno de Carvalho, Jorge Jesus e Otávio Machado, que regressou ao Sporting, o clube verde e branco tentava travar as vitórias da águia, procurando levar a melhor também sobre o FC Porto.
Durante grande parte da época, o Sporting esteve na frente e Jorge Jesus ia enviando recados para o outro lado da Segunda Circular, tendo o seu sucessor, Rui Vitória, como um dos alvos.
Porém, um dérbi em Alvalade, perto do final do campeonato acabou por resultar em vitória do Benfica, valendo um golo de Mitroglou, que permitiu ao Benfica passar para a frente de um campeonato que nunca mais largou até à festa no Marquês de Pombal.
"Sentiu-se muito dentro do balneário"
Sílvio, lateral direito formado na Luz e campeão de águia ao peito, que contou na sua carreira com passagens também pelo SC Braga, assume que o discurso de Jorge Jesus ajudou o balneário encarnado. "Espicaçou-nos", resumiu Sílvio.
"O mister Jorge Jesus, do outro lado, espicaçou-nos de uma maneira incrível", explicou o agora ex-futebolista, que falava em declarações no podcast da Sports Tailors.
"Sentiu-se muito dentro do balneário", reconheceu o antigo internacional português, certo de que qualquer jogador que tenha feito parte do balneário do Benfica em 2015/16 alinhará pela mesma ideia de Sílvio.
"Se falares com outro jogador que passou por lá nesse ano, ele diz-te o mesmo, sentíamos mesmo isso", acrescentou o antigo jogador, certo de que o balneário não foi pena que sentiu de Rui Vitória, então treinador do Benfica e atualmente selecionador nacional do Egito.
"Obviamente não tinha pena nenhuma do mister Rui Vitória, porque ele não é homem para termos pena, mas nós sentíamo-nos revoltados, porque o Rui Vitória estava sempre na dele, e estava sempre a levar com o Jorge Jesus do outro lado. Não foi fácil e isso espicaçou-nos bastante", afirmou Sílvio.
A somar a isso, o antigo jogador fez notar que a qualidade dos atletas nessa época também foi fundamental. "Tínhamos a sorte de ter ali três ou quatro jogadores com os quais as coisas correram de uma maneira incrível: Gaitán, Pizzi, Jonas, Mitroglou. As coisas andavam, a bola chegava neles e resolviam", salientou Sílvio.