Portugal
"Uns estão falidos, outros não", diz Jaime Antunes, que vê equilíbrio no Benfica
2020-04-29 10:50:00
Economista e antigo candidato à presidência do Benfica vê sinais de alerta no FC Porto e Sporting

Com a suspensão dos campeonatos, em virtude da pandemia, os clubes ficaram perante um cenário negro, que afeta todos, independentemente da dimensão ou da sustentabilidade financeira. Na base da pirâmide do futebol profissional, há salários em atraso e o agravamento de um quadro já preocupante. No topo, urge a entrada de milhões, quer provenientes da Liga dos Campeões, quer através da venda de passes de jogadores.

Jaime Antunes, economista, sócio do Benfica e antigo candidato à presidência do clube da Luz, analisou, em declarações ao jornal O Jogo, a realidade dos três grandes.

E vê uma solidez no Benfica que não encontra no FC Porto e no Sporting. Um exercício que não surpreende, pelos sinais dados ao mercado pelas SAD portista e sportinguista, que se viram obrigadas a adiar o reembolso de empréstimos obrigacionistas.

“Diz-se que todos os clubes estão falidos mas isso é uma meia verdade: uns estão falidos, outros não estão, uns geriram melhor os tempos de bonança do mercado, outros não”, afirmou Jaime Antunes àquele diário desportivo.

O economista lembra que o Benfica apresenta uma situação financeira bem diferente, “saudável e equilibrada”, facto que explica a capacidade de reembolsar um empréstimo obrigacionista em plena pandemia. A SAD pagou cerca de 50 milhões de euros, na semana passada.

“O Benfica é o clube que está, de longe, numa situação financeira mais forte”, sublinha Jaime Antunes, que destaca o facto de os encarnados não terem recorrido a dívida e de terem recorrido a capitais próprios para reembolsar os obrigacionistas.

Esta realidade só foi possível graças a exercícios positivos nos últimos anos, a encaixes recorde – a venda de João Félix acaba por resultar num balão de oxigénio fundamental – e a uma gestão que muitos adeptos criticaram, por privilegiar a vertente financeira, em detrimento da desportiva.

Já FC Porto e Sporting enfrentam esta paragem de campeonato num quadro bem diferente. E obrigados a avançar com planos de contingência.

“No Sporting, é conhecida a situação sobre o pagamento de Rúben Amorim”, lembra Jaime Antunes, numa alusão ao incumprimento dos leões no pagamento da primeira tranche da cláusula de rescisão do técnico, ao abrigo do acordo com o SC Braga.

O FC Porto, com as “conhecidas dificuldades com o fair-play financeiro”, terá de fazer um encaixe relevante, numa altura em que o mercado de transferências apresenta algumas incógnitas e uma certeza: os passes de jogadores estão desvalorizados.

Mas este facto afeta também o Benfica, que necesita, tal como os restantes clubes, todos eles, de encaixes desta natureza para apresentar saldos positivos. “Mas o Benfica tem alguma almofada para passar esta crise de forma mais tranquila do que os outros”, salienta Jaime Antunes.

Independentemente das realidades, distintas em cada clube, há um facto que afeta, com igual grau, todos eles: a indefinição. Não é ainda certo que os campeonatos regressem – há países que vão avançar e outros que já determinaram o fim das respetivas ligas – e persistem dúvidas sobre as competições europeias, a ‘galinha dos ovos de ouro’ dos clubes portugueses que atingem essa prova.

O futuro é desafiante, para grandes e pequenos. Nesta semana, poderão ser dissipadas todas as dúvidas, sobre o regresso da normalidade possível.