A revelação do acordo entre o SC Braga e um fundo do Qatar, que tem investido no Paris Saint-Germain, é um tema que está a levantar dúvidas entre várias figuras do futebol nacional, que esperam que o tempo possa dar explicações sobre o papel que o investidor externo terá na sociedade que gere o futebol bracarense.

Para Carlos Barbosa da Cruz, advogado e antigo dirigente do Sporting, é necessário que sejam dadas mais explicações sobre esta entrada em jogo no capital da SAD arsenalista do fundo detido por Nasser Al-Khelaïfi, dono do clube de Paris que recentemente visitou Lisboa para jogar a Liga dos Campeões.

"Ainda pouco se sabe da entrada do fundo soberano do Qatar no capital da SAD do SC Braga e já se embandeiram arcos, à boa maneira portuguesa, sobre a inexorável ascensão do SC Braga ao estatuto de grande", refere Carlos Barbosa da Cruz, determinando que é preciso recolher mais dados sobre esta operação financeira para se compreender qual será o papel que irá caber ao SC Braga enquanto clube.

Para já, diz o antigo dirigente do Sporting, este negócio está com "muitas incógnitas". "Em minha opinião, ainda há muitas incógnitas nesta operação", assumiu Carlos Barbosa da Cruz.

Em artigo de opinião que assina nas páginas do jornal Record, o advogado e ex-dirigente verde e branco admitiu que tem curiosidade para saber o que está reservado para o emblema liderado por António Salvador.

"Saber se o futuro do SC Braga é ser satélite ou parceiro", admitiu Carlos Barbosa da Cruz, alertando para a necessidade de os clubes encararem os problemas de tesouraria de outra forma, ainda que, diga, é preciso ver com que tipo de investidores é que se fazem negócios.

"Tenho defendido que o investimento externo é uma forma de os clubes se libertarem da penúria e dos juros elevados dos empréstimso obrigacionistas, mas a experiência em Portugal demonstra que os investidores não são todos iguais, o Aves que o diga", lembrou Carlos Barbosa da Cruz a respeito do clube nortenho que após a saída do investidor da SAD acabou por cair de divisão, sendo que agora é um novo Desportivo das Aves que compete nas divisões distritais da Associação de Futebol do Porto.

"Resta então saber o que vem aí", destacou ainda Carlos Barbosa da Cruz sobre um negócio que já levou a críticas na direção de António Salvador.

"António Salvador não se pode arrogar ser dono do SC Braga. O SC Braga é um clube com mais de 100 anos de história e, portanto, pertence aos associados o poder", avisou António Duarte, ex-dirigente do clube minhoto, dizendo que "eticamente" não aprova esta decisão da SAD bracarense.