O antigo internacional e adepto do Sporting manifestou-se ontem "indignado" com os efeitos do caso Cashball, que, na opinião de Paulo Futre, "manchou" o nome do Sporting, a nível internacional, e provocou danos irreparáveis "no Sporting de André Geraldes e de Bruno de Carvalho".
"O Cashball não deu em nada, mas, a nível internacional, agora, não se fala. No entanto, na altura, o nome do Sporting estava manchado a nível mundial. O nome do Sporting, do Bruno de Carvalho e do André Geraldes ficou manchado", defendeu o ex-futebolista, num programa de debate da CMTV, onde participa como comentador.
"Este caso foi o princípio do fim da vida destas pessoas. Deram cabo da vida do Geraldes. Ele foi para o Farense, fez um grande trabalho e agora está no Estrela da Amadora. Mas meteram o rapaz dentro, com as televisões lá. O André Geraldes esteve dentro, com mil jornalistas a registar. E aquela imagem correu mundo. E agora? Não deu em nada?", pergunta Futre.
Refira-se que o seis dos sete arguidos do caso Cashball, entre os quais André Geraldes, diretor desportivo do Sporting à data dos factos, foram ilibados de responsabilidades, por falta de provas, na investigação da Polícia Judiciária (PJ).
De acordo com o relatório final da PJ, o único arguido que não foi ilibado é precisamente Paulo Silva, empresário que em março de 2018 denunciou o caso, quando assumiu ter sido mandatado, através de intermediários, para corromper árbitros de andebol e jogadores de futebol adversários, de modo a favorecerem o Sporting.
"Como cidadão, acho que o que fizeram ao André Geraldes é uma injustiça. Eu acho que sei de onde vêm os tiros...", acrescentou Paulo Futre, sem, no entanto, esclarecer a sua visão sobre o processo Cashball, que terminou com o denunciante como único arguido.
Também Bruno de Carvalho mereceu uma palavra elogiosa de Futre: "Pode ter os defeitos que tem, mas até certa altura o Bruno de Carvalho foi o melhor presidente do Sporting. E saiu inocente".
"Não há palavras para classificar o que fizeram a estas duas pessoas", prosseguiu Paulo Futre, que, falando já "como sócio do Sporting", diz-se "indignado". "Fico revoltado. Isto é um escândalo. Isto aconteceu na véspera do ataque à academia. Para irem lá buscar o André, quando entram num clube, têm de ter todas as provas", defendeu.
Aquando das investigações, André Geraldes foi detido, tendo sido feitas buscas à SAD do Sporting, diligência da PJ que ocorreu na véspera do ataque à Academia de Alcochete. Aliás, Bruno de Carvalho alega que não se encontrava na academia aquando da invasão em virtude dessas investigações.
O relatório conclui, agora, que não há indícios de que o Sporting ou André Geraldes tenham estado envolvidos em qualquer prática de corrupção. Entre outros factos, conclui o relatório que Paulo Silva abordou dois árbitros de andebol, em 2017, oferecendo-lhes 2500 euros, com a intenção de os levar a beneficiar o Sporting em jogos com o ABC de Braga e o FC Porto.
No que se refere ao futebol, o documento, divulgado na segunda-feira pela TVI, concluiu que Paulo Silva terá oferecido a Leandro Freire, jogador do Desportivo de Chaves, 25 mil euros para que este prejudicasse o seu clube nos dois jogos com o Sporting, “proposta que não foi aceite”.
A investigação considerou válida a possível relação entre uma verba em numerário de 60.405 euros, apreendida no gabinete de André Geraldes, à data diretor desportivo para o futebol profissional do Sporting, e a venda de bilhetes a grupos organizados de adeptos.
No documento, datado de 15 de julho, é considerado ainda que “não é possível estabelecer conexão entre as abordagens” feitas por Paulo Silva a árbitros e jogadores e os arguidos no processo André Geraldes, Gonçalo Rodrigues, funcionário do Sporting, e João Gonçalves, empresário.
No processo, que aguarda o despacho final do Ministério Público, são ainda arguidos Roberto Martins, Ivan Caçador e Fernando Costa.