Portugal
“Há treinadores que sonham ganhar a Champions, eu sonhava ganhar algo no Braga"
2021-05-24 18:15:00
Agarrado à Taça de Portugal, Carlos Carvalhal faz um discurso onde o treinador e o adepto se cruzam, numa bela viagem

O município de Braga recebeu hoje os vencedores da Taça de Portugal, numa receção, nos Paços do Concelho, marcada pelo discurso de Carlos Carvalhal, um treinador grato, um adepto feliz, dominado pela paixão por um clube que preenche toda a sua vida. Agarrado ao troféu, Carvalhal mostrou-se completamente realizado. “Há treinadores que sonham ganhar a Champions, eu sonhava ganhar algo pelo SC Braga”, referiu. 

"A falar com o coração", o técnico viajou pelo passado, recuou à infância, aos tempos de criança, em que sonhava em vestir a camisola arsenalista, aos tempos em que cumpriu esse sonho e chegou mais além do que as mais ambiciosas metas que definiu. 

"Sou de Braga, esta é a minha cidade. Nunca pensei em viver um dia como este. Talvez em sonhos. Gostei sempre do clube, desde o colo dos meus pais. Nasci em 1965Fui desde bebé acompanhar os jogos do SC Braga. Lembro-me de brincar, quando era pequenino, e de nem olhar para o jogo. Depois, comecei a afeiçoar-me ao jogo, a celebrar as vitórias, os golos, a conhecer os jogadores todos. Lembro-me de um dia ter o sonho de jogar no SC Braga. E um dia isso foi possível. Fui aos treinos de captação e estreei-me com 11 anos no SC Braga", lembrou.

Numa manifestação de humildade, Carvalhal destacou que é "um produto de trabalho" e "não um produto do talento". "Consegui ser internacional aos 14 anos pelo SC Braga, percorri os escalões todos até aos sub-21, fui capitão das equipas do SC Braga, joguei nos seniores, até que um dia tive a oportunidade de ser treinador deste clube. Infelizmente, na altura, porque os meus filhos eram pequenos, eles não aguentaram a pressão, porque outros miúdos eram cruéis com eles, sobretudo nos momentos da derrota. E ironia do destino, só tenho de agradecer ao presidente António Salvador, ao staff e a vocês, jogadores", prosseguiu.

Estava dado o mote para o agradecimento a toda a hierarquia arsenalista, do presidente ao roupeiro. "Imaginem a felicidade que tenho dentro de mim. Sou um homem completamente realizado na minha profissão. E devo muito aos meus jogadores. Tivemos uma ideia, vocês perseguiram-na, o todo foi mais do que a soma das partes, durante toda a época não houve problema nenhum, houve uma dedicação tremenda, pelo que estou grato por tudo o que vocês fizeram para conseguir trazer isto para SC Braga", realçou.

Ao presidente António Salvador, Carlos Carvalhal manifestou "gratidão". "Se eu tivesse de terminar a minha carreira aqui, estaria realizadíssimo", salientou. E num olhar ao futuro, acredita que estão lançadas as bases para um crescimento dos arsenalistas, para que vencer Taças de Portugal seja a regra e não a exceção. 

"O clube está em crescimento, mas não tem 40 Taças. O clube está em crescimento, mas esta é a terceira Taça. O trabalho de António Salvador é excecional. A diferença para os grandes está mais reduzida e um dia o SC Braga vai chegar lá em cima. Mas tem de ser de forma sustentada, para não ir lá uma vez e regressar só 15 anos depois", complementou, um dia depois do triunfo diante do Benfica, na final disputada em Coimbra.