Portugal
"Não aceitamos condicionamento ou pressão sobre os jogadores", avisa Evangelista
2020-04-01 15:50:00
Presidente do Sindicato diz que "há jogadores a viver em condições miseráveis"

O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) está disponível para encontrar “soluções justas e equilibradas” sobre as reduções salariais, mas não aceitará tentativas de “condicionamento e pressão”, disse hoje à Lusa o presidente do organismo.

“Os clubes sabem que qualquer solução, nesta fase, requer a disponibilidade negocial dos trabalhadores e é nessa base que queremos contribuir para soluções. Não aceitamos é qualquer tentativa de condicionamento ou pressão sobre os jogadores”, frisou Joaquim Evangelista.

O líder do sindicato explicou que, “como em todo o mundo do futebol”, em Portugal “já existiram abordagens a jogadores” para reduções salariais.

Joaquim Evangelista assegurou estar a acompanhar a situação “com a máxima seriedade e respeito”, defendendo “soluções justas e equilibradas que imponham sacrifícios de forma equitativa”.

“Estamos solidários e preparados para defender os seus direitos, em especial os dos colegas em situação mais difícil”, sublinhou.

O dirigente advertiu que algumas medidas propostas tendem a ser “precipitadas”.

“Há centenas de jogadores com vínculos precários e salários próximos do mínimo nacional, alguns a viver em condições miseráveis, temos de perceber bem o que representam algumas das medidas que estão a querer ser precipitadas. O futebol português tem a obrigação de estar preparado e responder”, sublinhou.

O SJPF admitiu estar disponível para “trabalhar as soluções”, mas avisou que nunca aceitará “cortes de salário indiscriminados e sem qualquer sustentação do ponto de vista financeiro”.

Evangelista alertou que é necessário evitar que os cortes de salários tenham o objetivo de satisfazer “outras obrigações” ou de manter “determinados níveis de receita que viabilizam os orçamentos dos clubes a médio prazo”.

Para o presidente do SJPF, “exige-se do governo do futebol, a começar pela FIFA, medidas que promovam a injeção de capital no futebol, se for necessário, protegendo assim as competições”.

“Acredito que, no caso concreto de Portugal, a negociação coletiva será o instrumento adequado para alcançar uma solução. Todos queremos a sustentabilidade das nossas competições, todos queremos proteger ao máximo os jogadores e clubes em dificuldades e salvar postos de trabalho, espero que tenhamos a capacidade de dialogar”, referiu.