O Benfica tem na final da Taça de Portugal, este domingo à noite, a hipótese de encerrar com um troféu uma época atribulada. Apesar do forte investimento e do regresso do treinador Jorge Jesus, as águias falharam a entrada na Liga dos Campeões e terminaram o campeonato no terceiro posto.
Com o mercado de transferências a chegar, os adeptos interrogam-se sobre as movimentações do clube, em particular depois de ter emprestado aquele que tinha sido o melhor marcador, Carlos Vinícius, para comprar o reforço mais caro na história do emblema da águia, Darwin. Um caso que foi lembrado várias vezes ao longo da temporada 2020/21 e agora recuperado por Pedro Henriques, antigo defesa encarnado.
“Essa questão do Vinícius é uma aberração”, afirmou Pedro Henriques, apontando esta situação como um exemplo da falta de uma política desportiva no Benfica. “Há erros que o Benfica repete e não é de Jorge Jesus, já fazia com o Rui Vitória, já fazia com o Bruno Lage e continua a fazer. Tenho dúvida sobre quem é que pensa a estratégia”, acrescentou, num comentário para a Sport TV.
“Em Portugal, há muito essa questão do presidente, mas Luís Filipe Vieira não é um entendido em futebol. Quem é que decide, é o treinador, é o Rui Costa? Custa-me a perceber que o Rui Costa tenha dito ‘não’ ao Vinícius para vir o Darwin... Darwin pode vir a ser melhor? Portugal também pode vir a ser um país super desenvolvido e ter uma corrupção a níveis aceitáveis, mas não tem. O que importa é o rendimento, não o potencial”, reforçou Pedro Henriques.
Para muitos adeptos encarnados, há reforços que tardam a justificar os muitos milhões pagos pelas respetivas transferências. Em alguns casos, a estrutura do Benfica salientou o “potencial” desses reforços. Uma justificação que incomoda o ex-defesa encarnado, devido ao pesado investimento feito pelas águias.
“Eu joguei com muitos jogadores que tinham potencial e nem sequer foram profissionais de futebol. O potencial é para colocar em campo. Tens que dar uma margem, mas não se pode exigir ao Benfica, com o investimento que fez, o mesmo que se exige a FC Porto, Sporting e SC Braga”, explicou.
Mais difícil de aceitar, para Pedro Henriques, que usou o exemplo da compra de um carro, é a necessidade de um período de adaptação para os reforços: “Não venham com essa música. Se eu for comprar um carro bom, a uma marca boa, não estou à espera que me digam que no primeiro ano tenho que aguentar porque as pastilhas chiam e para acelerar tenho de meter a segunda quando já devia ir em quarta... Isso é quando compro um carro básico. O Bruno Fernandes chegou ao [Manchester] United e andou, o [Diogo] Jota foi para o Wolverhampton e depois para o Liverpool e foi chegar e andar...”.
Pedro Henriques aconselhou ainda o Benfica a seguir o exemplo dos rivais, que têm contratado – e com sucesso – no mercado interno. Por já conhecerem o futebol português, são reforços que não precisam de qualquer período de adaptação, sendo mais acessíveis do ponto de vista financeiro do que promessas brasileiras como Everton e Pedrinho.
“Eu sei que o mercado português não é apetecível para o Benfica. Foi buscar o Rafa na altura e pouco mais. Eu acho isso um erro estratégico. Custa-me perceber como é que é possível gastar tanto dinheiro em jogadores e depois dar-lhes períodos de adaptação”, concluiu.