Portugal
"Há clubes que fazem falta", diz Manuel Fernandes sobre o Estrela
2020-09-17 09:50:00
O técnico Manuel Fernandes e o ex-futebolista Abel Xavier recordam passagem pelos tricolores, num momento histórico

O treinador Manuel Fernandes e o antigo defesa Abel Xavier, que passaram pelo Estrela da Amadora nos anos 1990, desejam que o ‘velho' Estrela possa regressar, pela sua qualidade de "clube do povo".

"Desejo-lhes o melhor possível. Fui um dos jogadores de uma geração que deu mais valias, fruto de uma formação muito bem conseguida. Olhando para uma estrutura, não deve ser só a pensar na equipa principal, deve ser a pensar na sustentabilidade", diz Abel Xavier, numa altura em que se cumprem 30 anos da presença do clube na Taça das Taças.

Por outro lado, um emblema criado após a extinção do clube ‘original' fundou-se este ano com o Club Sintra Football para criar o Club Football Estrela, que vai disputar o Campeonato de Portugal, assinalando o regresso aos escalões nacionais do emblema do distrito de Lisboa.

"Foi um clube que gostei de treinar, um clube simpático e com gente mesmo da Amadora, que gosta mesmo do clube. O que desejo é que depressa regressem ao convívio dos grandes, na I Liga. Há clubes que fazem falta", exclama Manuel Fernandes, que orientou o ‘tricolor' nessa época de 1990/91, em que foram até à segunda eliminatória da Taça das Taças, mas também despromovidos à II Liga.

Manuel Fernandes lembra a massa adepta ferrenha e a característica de "clube do povo" que a formação da Amadora sempre teve, com Abel Xavier a lembrar que este emblema representava as classes mais baixas e sub-representadas, além dos bairros, e tinha "muitos simpatizantes".

Agora, vê no atual ‘porta bandeira' um projeto "muito corajoso", pedindo-lhe atenção à formação e à ligação à comunidade, porque o Estrela "é necessário à zona de mercado, pela natureza dos bairros" e pelo espaço "que o Estrela perdeu e tem de voltar a ganhar, voltar competitivo e forte, e acrescentar valor, acima de tudo, às pessoas da Amadora".

O antigo internacional português, hoje treinador, começou a carreira profissional no Estrela da Amadora, com 92 jogos e cinco golos pelo 'tricolor' entre 1989 e 1993, antes de se mudar para o Benfica.

Com 16 aparições na I Liga e vencedor da Taça de Portugal em 1990, o CF Estrela da Amadora abandonou a elite em 2008/09, arrastado por uma maré de dívidas, e foi declarado insolvente em 2010, um ano antes de ser refundado por seis sócios, como Clube Desportivo Estrela, no intuito de herdar o legado do histórico emblema da Reboleira.

Os ‘tricolores' apostaram nas camadas jovens até 2017/18 e ressurgiram no patamar sénior daí em diante, evoluindo nas divisões da Associação de Futebol de Lisboa até negociar a fusão com o Club Sintra Football em julho, permitindo a estreia do novato Club Football Estrela da Amadora SAD na próxima edição do Campeonato de Portugal.