Portugal
"Guerra de Rui Rio foi um escândalo internacional, pôs em causa o Euro2004"
2021-07-12 23:05:00
Pinto da Costa sobre o momento "absurdo" em que o então presidente da Câmara do Porto embargou as obras do estádio

O presidente do FC Porto, Pinto da Costa, afirmou que o embargo das obras do Estádio do Dragão, determinado por Rui Rio em 2002, quando o agora presidente do PSD se encontrava à frente da Câmara Municipal do FC Porto, "chegou a pôr em causa o próprio Euro2004", competição que teve a partida inaugural no recinto portista.

“Eu não gosto de admitir que houve uma guerra com a Câmara Municipal, porque é uma entidade que faz parte da cidade, que é o coração da cidade, como o FC Porto também é. Eu queria mais centrar que foi uma guerra de Rui Rio, que era o presidente da Câmara, contra o FC Porto”, começou por referir Pinto da Costa, ao recuperar o incidente que marcou o ano de 2002.

“Em 1999, quando Portugal teve a concessão do Euro2004, eu tive alguma participação. Os grandes obreiros foram José Sócrates e Gilberto Madaíl e eu envolvi-me um pouco a pedido deles. Era intenção construir um novo estádio em terrenos anexos ao antigo Estádio das Antas. Por proposta de Fernando Gomes, que era o presidente da Câmara do Porto na altura, fez-se este projeto”, continuou o dirigente, no episódio de hoje de ‘Ironias do Destino’, a série sobre os 39 anos na presidência dos azuis e brancos.

Só que em 2002 Rui Rio venceu as autárquicas, assumindo a presidência da Câmara Municipal do Porto. “Foi muito difícil porque estava tudo idealizado, mas, já depois da hora, Rui Rio embargou as obras porque entendia que a parte comercial tinha que ser reduzida em 75 por cento”, algo que iria inviabilizar “totalmente o projeto”, financiado em parte pelo grupo Amorim.

“O estádio ia ser construído com fundos do FC Porto, uma pequena participação do Estado e com um acordo comercial com o Grupo Amorim. A partir do momento em que retiravam 75 por cento da área comercial deixava de interessar aos promotores”, explicou.

Foi então que a obra parou, “de 2 de março a 3 de abril”. “Chegou a pôr em causa o próprio Euro2004, porque era fundamental ter um estádio com 50 mil pessoas para a inauguração. Foi um escândalo internacional. O próprio Presidente, Jorge Sampaio, intercedeu porque achava que isto era um absurdo”, salientou Pinto da Costa.

O FC Porto recusou-se a “fazer uma pequena obra” apenas por ‘birra’ do autarca, insistiu o líder azul e branco: “Se Rui Rio queria dar cabo do projeto, que desse cabo, mas não nos ia alterar nem fazer uma pequena obra quando pretendíamos fazer uma grande obra”.

Com a medição do Presidente Sampaio, “Américo Amorim chegou a acordo com Rui Rio e com a Associação dos Comerciantes”, permitindo que a obra fosse retomada a 3 de abril. “Hoje está à vista de toda a gente esta maravilha do arquiteto Manuel Salgado”, elogiou.

E, aproveitando o lanço, Pinto da Costa voltou a criticar Graça Freitas, a diretora-geral da Saúde, a propósito da proibição de público nos estádios. “Aqui [na maquete] o estádio aparece em público, não sei se o arquiteto Manuel Salgado já pensava que ia aparecer Graça Freitas a levar o público dos estádios para os pavilhões para ver concertos e humoristas”, afirmou Pinto da Costa.

Já passaram quase duas décadas, mas o dirigente continua a não perdoar Rui Rio. "Não conheço esse senhor. Não tenho relação com ele, nunca me foi apresentado. Sei que é atualmente o líder de um partido... [o maior da oposição, refere Estela Machado] Mesmo sem oposição, é. Não sou político, nem percebo nada disso, mas deve ser o líder da oposição, desde que há democracia, mais apreciado por quem está no poder. Não conheço o senhor, nunca ninguém mo apresentou. Ele também não me conhece. Sei que anda lá pelo partido, mas não é responsabilidade minha, o problema é deles", finalizou.