Portugal
"Gritaria folclórica cantada desde os bancos" é apenas um "número de circo"
2020-11-12 13:00:00
Ex-árbitro deixa conselho aos agentes desportivos em tempo de pandemia com estádios sem público

Com os estádios de bancadas vazias tudo o que é dito em campo mas também nos bancos de suplentes pode agora ser audível com outra perceção e Duarte Gomes, ex-árbitro internacional, diz que já é tempo de os agentes desportivos terem consciência da "figura que fazem" a cada "faltinha" ou "lançamento".

"Vejam a figura que fazem. Vejam os gritos sem sentido e fora de contexto. Vejam os saltos dramatizados, os braços no ar a protestar por dá cá aquela palha. Vejam bem e tirem as vossas conclusões", aconselhou Duarte Gomes.

Em artigo de opinião que assina no Expresso, o ex-árbitro lembra os agentes desportivos que tudo que é dito não passa despercebido aos ouvidos dos adeptos e dos árbitros.

"Nós também estamos a ver e ouvir tudo. Tudinho", avisa Duarte Gomes, realçando que é necessário que treinadores e outros elementos do staff das equipas mostrem um "toque de classe e educação", até porque nota que alguns têm "grande difculdade em controlar-se".

Duarte Gomes realça também que "todo esse espalhafato" mais não é que "um número de circo" que gostaria que não tivesse lugar nos jogos em Portugal.

"São demasiados decibéis. Decibéis que podem adulterar a ideia que todos temos de cada um de vocês", testemunhou o antigo árbitro internacional.

"Não convence ninguém, não muda decisões (garantidamente) e não vos ajuda a ganhar", acrescentou ainda Duarte Gomes, salientando também que se trata de uma "gritaria folclórica, reiterada e injustificada".

Duarte Gomes realça ainda que alguns ainda não perceberam que a ausência de adeptos nas bancadas está a colocá-los num patamar superior de exposição.

E o ex-árbitro lembra o papel que os agentes desportivos devem desempenhar no engrandecimento do futebol nestes tempos em que, sem adeptos, o jogo "fica a preto e branco, "pálido e triste".

A respeito da exposição a que são votados as figuras do futebol, recorde-se, recentemente, Duarte Gomes realçou a importância de se ter “consciência do impacto exterior de algumas das nossas opções”, pois “há linhas que não podem ser ultrapassadas por quem tem o dever deontológico de as preservar”, mesmo que “as emoções momentâneas potenciem o contrário”.