Portugal
Gonçalo Paciência, o avançado talhado para outros voos
2017-10-28 18:15:00
Nuno Capucho treinou-o nos juvenis e juniores do FC Porto e nota uma grande evolução no goleador do Vitória FC.

“Está mais jogador e começa a estar preparado para outros voos”. Quem o afirma é Nuno Capucho, treinador de Gonçalo Paciência nos juvenis e juniores do FC Porto onde o atual avançado do Vitória de Setúbal, em destaque na equipa do Sado, começou a mostrar credenciais que o apontavam na altura como um jogador de grande futuro. Chegou ao plantel principal do FC Porto em janeiro de 2015, pela mão de Lopetegui, mas não ficou no Dragão e desde aí teve um percurso errante até que esta temporada, aos 23 anos, no Vitória FC, com José Couceiro começa  a revelar consistência na utilização (11 jogos) refletida em quatro golos (dois para o campeonato, um para a Taça de Portugal e outro para a Taça da Liga). Mais relevante ainda: pela primeira vez na carreira, Paciência alcançou a marca de três jogos seguidos a marcar, todos eles golos decisivos.

“Ele [Gonçalo Paciência] deu uma ‘sapatada’ na sua maneira de jogar. Leva agora o futebol mais a sério. Chegou à conclusão que só a técnica não chega. Percebeu que se for mais forte fisicamente, mais sério a encarar os momentos defensivos do jogo, os golos vão aparecer com mais naturalidade”, diz Nuno Capucho que não tem dúvidas de que Gonçalo Paciência está talhado para outros voos: “Nos últimos quatro, cinco anos, evoluiu muito. Começa a estar preparado para outras coisas”, afiança. Gonçalo Paciência  e André Silva formavam a dupla de avançados nos juvenis e juniores do FC Porto na altura em que Nuno Capucho era o treinador. “Um era mais físico [André Silva], outro mais técnico [Gonçalo Paciência]. Entendiam-se às mil maravilhas”, recorda o atual técnico do Varzim.

“Tem condições para chegar longe numa posição onde Portugal não tem muitas soluções”, reforça Fernando Alexandre que jogou com ele na Académica em 2015/16 quando Gonçalo foi emprestado pelo FC Porto aos estudantes.  “É um jogador muito técnico, precisa de uma equipa que trabalhe bem a bola. Aí pode fazer a diferença. Se jogarem uma cadeira para a cabeça dele, não consegue fazer nada com ela”. Para o médio da Académica, Gonçalo Paciência não é só um jogador para fazer golos. “Ele empurra uma equipa para a frente. Tem um estilo muito próprio. Fisicamente é muito forte, e tecnicamente evoluído”.

Fernando Alexandre recorda essa época em que Gonçalo chegou a Coimbra depois de na temporada anterior, com 21 anos, ter sido lançado por Lopetegui na equipa principal do FC Porto. Fez apenas quatro jogos, mas mesmo assim ainda fez um golo a 28 de janeiro de 2015, na segunda titularidade com a camisola portista na Taça da Liga, frente à Académica, na vitória dos dragões por 4-1. “Era de marcar muitos golos no FC Porto B, mas encontrou na Académica uma equipa com um estilo de jogo muito diferente. Tentou adaptar-se o melhor possível. Começámos muito mal a temporada, à sexta jornada tínhamos zero pontos, não conseguíamos chegar à baliza contrária, era difícil para ele. Ele destaca-se numa equipa que jogue para ganhar, numa equipa onde haja qualidade”, reforça Fernando Alexandre.

O ano na Académica não correu bem a Gonçalo Paciência, que pagou os custos da instabilidade de uma equipa que teve dois treinadores, Viterbo e Filipe Gouveia, fazendo apenas quatro golos em 30 jogos, em todas as competições internas, marca que igualou agora no Vitória de Setúbal em apenas 11 jogos. Depois de Coimbra, seguiu-se, em julho de 2016 a experiência na Grécia, no Olympiakos treinado por Paulo Bento onde fez apenas um jogo, numa experiência que ficou marcada pelos rumores de que teria problemas cardíacos. Regressou a Portugal, em janeiro, para jogar no Rio Ave sempre cedido pelo FC Porto com quem tem contrato até junho de 2019. Mas viu-se pouco de Gonçalo Paciência. Em 15 jogos, só por cinco vezes foi titular e marcou apenas um golo.

No início desta temporada, Sérgio Conceição prescindiu do avançado no plantel e José Couceiro apostou nele, mesmo depois das duas últimas experiências terem sido um fracasso. A resposta veio com paciência e persistência. Nos últimos três jogos, Gonçalo Paciência respondeu com quatro golos e nos últimos três jogos foi sempre decisivo nas vitórias da equipa sadina. Decidiu a eliminatória da Taça de Portugal em Pinhal Novo com o Pinhalnovense, fez o 2-1 diante o Marítimo, para o campeonato, operando a reviravolta frente à equipa madeirense, e foi decisivo no triunfo sobre o Portimonense para a Taça da Liga. Sinónimo de uma aposta que está ser bem sucedida, e que indicia aquela que poderá ser a melhor época de sempre de Gonçalo Paciência na Primeira Liga, depois de um percurso irregular. "Começa a estar preparado para outras coisas".