A expulsão de Luis Díaz deu origem a uma onda de revolta, que começou no relvado, pela incompreensão da decisão do árbitro Luís Godinho, e prosseguiu depois do encontro. Pelo meio, o SC Braga conseguiu o empate diante do FC Porto, na partida da primeira mão das meias-finais da Taça, disputada em solo minhoto. Pinto da Costa acabou mesmo por fazer uma declaração, na sala de imprensa, onde deu eco ao sentimento portista e garantiu que o clube não será vergado.
Entretanto, o árbitro do encontro foi alvo de ameaças, o que levou o Conselho de Arbitragem a emitir um comunicado, onde condena esses comportamentos insta os dirigentes desportivos a demarcarem-se dos mesmos. “Todos os clubes e agentes desportivos devem unir-se e repudiar, de forma inequívoca e firme, este tipo de ameaças. Estamos certos de que tal sucederá”, refere a nota.
A sede da Liga também foi palco de revolta, com inscrições intimidatórias. E é nesta sequência de eventos que o futebol português se encontra. Regressemos ao ponto de partida: a expulsão errada, segundo alguns especialistas de arbitragem, como o ex-árbitro Duarte Gomes. É neste ponto de partida que Miguel Cal se concentra. O antigo administrador da SAD do Sporting recorda que expulsões erradas são comuns. E lembra algumas que, na sua opinião, penalizaram o clube de Alvalade.
“Meus caros, ganhem noção. Sim, uma má expulsão. E então?”, diz, dando como exemplos alguns lances que envolveram jogadores do Sporting, em particular o de Ristovski, que viu cartão vermelho por protestar com o árbitro, que não viu uma cotovelada, na partida frente ao Vitória de Setúbal, em fevereiro de 2019.
“Risto expulso por corte limpo e por ter magoado o cotovelo do adversário com a cabeça, Boulasie expulso por ter feito uma finta. Vocês sabem lá. Os líderes têm responsabilidades. Se algo de mau acontecer...", avisa Miguel Cal.
O ex-dirigente do Sporting faz um apelo à responsabilidade. E critica as intervenções públicas, através das redes sociais, de alguns adeptos notáveis. Miguel Cal recorda ainda a invasão ao Capitólio, numa escalada de violência que terminou da pior forma.
“Numa altura em que Trump está a ser julgado pelas suas palavras terem contribuído para a invasão do Capitólio e para a morte de cinco pessoas, eis que em Portugal se replica a estupidez. Semanas a incendiar a comunicação social. Ameaças. Deputados a incentivar ação. Músicos a entoar a vergonha”, critica, aludindo a intervenções nas redes sociais, após o encontro entre SC Braga e FC Porto, nesta quarta-feira.
Entretanto, enquanto algumas personalidades tentam colocar água na fervura, para travar este ambiente tenso no futebol português, o pedido do Conselho de Arbitragem permanece sem resposta. Os clubes ainda não repudiaram as ameaças.
SC Braga e FC Porto voltam a encontrar-se no dia 3 de março, em jogo da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal. Apesar do empate, os dragões têm, para já, a vantagem do golo fora. A equipa que superar esta eliminatória garante presença na final da competição, onde defrontará o Benfica ou o Estoril, equipas que disputam a outra meia-final.