Portugal
"FC Porto não tem a mesma capacidade de reagir ao passivo que o Benfica tem"
2020-10-29 16:20:00
"Não podemos passar paninhos quentes nestas contas nem estar aqui a tentar mitigar o desastre", diz Fernando Rio

Antigo candidato à presidência do FC Porto, José Fernando Rio diz que as contas apresentadas pelos azuis e brancos são "um desastre" e avisa a estrutura da SAD que é preciso potenciar receitas para travar a escalada do passivo.

"As contas são um desastre. São um desastre. É verdade que era um desastre já anunciado mas nem por isso deixa de ser chocante olhar para estas contas e ver este prejuízo. É um prejuízo histórico e tem de ser assinalado como tal", afirmou José Fernando Rio, em declarações ao programa de Youtube do Portal dos Dragões.

Embora reconhece que estes "são números que se podem explicar, podem ter atenuantes", José Fernando Rio lembra que as contas são como os resultados em campo.

"É como no futebol onde o que interessa é o resultado. Aqui, a realidade é que as contas têm um recorde histórico negativo. Não podemos passar paninhos quentes nestas contas nem estar aqui a tentar mitigar o desastre que é este comunicado do FC Porto", comentou o conhecido adepto do FC Porto.

José Fernando Rio vai mais longe e diz que "há números muito preocupantes no FC Porto que tinha um passivo gigantesco e ainda o conseguiu aumentar".

O ex-candidato à presidência do FC Porto, derrotado por Pinto da Costa no último ato eleitoral, lembra que o passivo do FC Porto está próximo daquilo que chegou a ser o do Benfica na altura mais 'delicada' para o emblema da Luz.

Porém, o portista realça que o FC Porto "não tem a mesma capacidade de reagir a esse passivo que o Benfica tem" e explica o impacto que a marca Benfica consegue representar.

"Apesar de tudo, o Benfica, como tem mais adeptos, consegue obter mais receitas em aspetos em que o FC Porto não consegue fazer como nos bilhetes, merchandising..."

Aqui chegados, José Fernando Rio sustenta que "este passivo é uma desgraça". "Deixa-nos, pelo menos a mim, muito preocupado como portista. Claro que podemos olhar para os proveitos operacionais, retirando os proveitos com passes, e vemos que o FC Porto passou de 176 milhões de euros e teve apenas 87 milhões de euros neste ano".

José Fernando Rio explica ainda que para o comentário aos números apresentados ser "sério" é preciso ver as "atenuantes" e aspetos que estão "salvaguardados" e neles aponta a questão "da pandemia".

Além disso, o ex-candidato lembra que a UEFA determinou que os exercícios terminavam a 30 de junho, pese embora as alterações significativas que os clubes tiveram com a covid-19 e o seu impacto financeiro.

"Todas as vendas que o FC Porto tem feito não entraram para este exercício. Portanto, há esta atenuante da pandemia e o facto da UEFA ter mantido o fim do exercício para 30 de junho. E há a salvaguarda de que estas vendas vão entrar no próximo exercício".

José Fernando Rio diz ainda que o FC Porto teve este prejuízo com a principal causa a ser "a ausência da Liga dos Campeões na época passada" mas lamenta que a gestão da SAD seja uma "gestão de risco".

"Depende muito de ir ou não à Liga dos Campeões e da venda dos jogadores. Tem que ser dependente mas não pode é ser tanto", aconselhou o ex-candidato à presidência do FC Porto.

"Têm que potenciar a marca do FC Porto no marketing, merchandising e bilheira", disse, esperando que o FC Porto deixe de "viver no risco" como vem vivendo.

"Não foi um ano em que se arriscou. Esta gestão de risco vem de anos atrás. Temos de potenciar as receitas que o FC Porto tem e haver menos desperdício."

O FC Porto apresentou o resultado financeiro mais recente com a SAD azul e branca a registar, na época de 2019/20, um “resultado líquido fortemente negativo”, do qual se destaca um prejuízo recorde de 116,160 milhões de euros.