António Simões é um dos antigos jogadores do Benfica com maior estatuto, uma verdadeira lenda viva do emblema da Luz. Campeão europeu nos anos 60, Simões fez parte da equipa lisboeta que dominou o futebol do velho continente e onde constavam também nomes como Eusébio, Mário Coluna ou José Águas.
Ao longo dos anos, António Simões tem acompanhado o 'seu' Benfica, mas também a evolução dos rivais e nota, por exemplo, que ao longo dos anos, desde a região nortenha, o FC Porto tem vindo a fomentar uma cultura de "agressividade física e também de inteligência" dentro das quatro linhas.
"Uma coisa é óbvia: faz parte da cultura do FC Porto impor-se através de uma agressividade física e também de inteligência", comentou António Simões, realçando que "o FC Porto mostra isso e domina".
Assim, António Simões explica que se percebe que "nem sempre essa cultura foi aberta e elegante, mas a verdade é que funciona". "E sabe o que acho? Na minha simples opinião, o Benfica, que tem valor e talento, tem de ter agressividade no pensamento".
Para o campeão europeu pelo Benfica "é isso que se recomenda" à equipa de Roger Schmidt, no geral, e, em especial, ao treinador alemão das águias.
"E quem deve apresentar isso chama-se Roger Schmidt. É ele quem sabe melhor quem está mais forte, mais agressivo", salientou António Simões, em declarações na Renascença.
O 'magriço' admitiu ainda que, os anos mais recentes, têm mostrado um FC Porto afirmativo na Luz. Os resultados traduzem isso e António Simões lamenta-o, visto que a tradição diz que "há quase um complexo de inferioridade por parte do Benfica nos jogos com o FC Porto."
A somar a isso, Simões entende que nesta altura no futebol não há segredos. "O conhecimento chegou a toda a gente, já não há segredos daqui até ao Japão. E os jogadores são todos melhores atletas, todos bem treinados."
Contudo, "a questão de fundo tem a ver com o ensino" que, para António Simões, terá de ser cada vez mais valorizado pelos treinadores e as suas equipas técnicas.
"O treinador deve ensinar mais. Estou a ler um livro do Pat Riley [ex-jogador e treinador ganhador na NBA] e ele diz ‘chegou o momento de um treinador perceber que treinar não chega, tem que começar a ser professor’", referiu Simões, justificando a sua ideia. "Há jogadores que cometem erros e isso não faz sentido. O treinador também tem de ser professor", desafiou António Simões.
