Portugal
"Exigência gigante no FC Porto. Depois de um empate... vergonha de andar na rua"
2021-04-22 15:50:00
Sucesso do FC Porto explicado pela "ligação de amor" que se cria entre jogadores e o clube

O futebol está em profunda mudança quer ao nível competitivo, quer também ao nível da responsabilidade dos jogadores e daquilo que os emblemas representam não apenas no desporto mas também para a sociedade. É pensamento comum que o futebol dos dias de hoje não é como outrora, em que os jogadores são cada vez mais protegidos pelas estruturas, não se cruzam tanto com os adeptos, pouco falam à comunicação social, salvo em ações previamente agendas e, em alguns casos, obrigatórias. No fundo, há até quem note que se foi perdendo paixão pelo jogo.

E nesta semana em que foi avançada a ideia de criação de uma Superliga por parte de alguns 'tubarões' do futebol, muito se tem dito e escrito, falado e comentado a respeito do que representa, afinal, o futebol e onde estão os valores do jogo e do compromisso. A juntar a isto, mais concretamente no FC Porto, renasce a esperança de que o título pode ser uma realidade, coisa que, há umas semanas atrás, parecia um cenário complicado. Mas o futebol tem destas coisas e é imprevisível. E, talvez por isso, seja essa imprevisibilidade que faz dele um desporto de paixões e emoções.

Sérgio Conceição representa para muitos o espírito do FC Porto, a crença de que é sempre possível chegar onde, não raras vezes, se pensa que já não se pode chegar. Há poucas semanas, muitos davam o emblema do dragão como 'morto' na luta pelo título. Mas Conceição não desarmava e dizia que no FC Porto ninguém dá uma batalha por vencida até que soe o apito final.

"Aqui ninguém atira a toalha ao chão, o ADN do FC Porto tem a ver com esse acreditar até deixar de ser matematicamente possível", disse Sérgio Conceição, há poucas semanas quando o emblema portista arrancou três pontos sobre o Santa Clara ao cair do pano. E a verdade é que esses pontos, como outros, permitem aos adeptos sonharem com a revalidação do título.

Pena, antigo avançado do FC Porto, nota que a exigência no futebol mudou mas lembra que no reduto azul e branco ninguém dá nada por perdido até que a matemática tenha a última e derradeira palavra. E realça que os adeptos 'cobram' de tal maneira que até um empate com o Liverpool não é motivo para comemorações.

"A exigência no meu tempo no FC Porto era gigante. Empatámos contra o Liverpool e fomos vaiados. Ganhámos por dois ou três golos no campeonato e fomos vaiados. Nós tínhamos vergonha de andar na rua depois de um empate. Parece-me que hoje a exigência baixou um pouco e há mais liberdade", salientou Pena, em declarações ao Maisfutebol.

O ex-avançado explicou ainda que no FC Porto é incutido aos jogadores um espírito de tal maneira que eles conseguem encarar o ADN do emblema da Invicta. "Isso obrigava-nos a criar uma ligação de amor", defendeu Pena.

Agora ligado mais ao ramo imobiliário, Pena não deixa de ter o futebol em mente e explica que até quer projetar alguns jogadores em Portugal. E já há parceiria com uma conhecida empresa.

"Temos já uma parceria com a empresa do Jorge Mendes [Gestifute] e estamos a tentar fazer uma colaboração com o Famalicão – onde joga o meu filho – e com o António Salvador, do SC Braga", disse o ex-avançado que brilhou no começo do século de dragão ao peito.