A competição tem evidenciado ser fundamental para o crescimento e afirmação de vários jogadores na elite do futebol
Com o início marcado para o próximo sábado, o Europeu Sub-21 já provou, vezes sem conta, servir a função de montra para jovens jogadores poderem finalmente dar o salto para a elite do futebol. Muitos foram os talentos até aí lapidados que após na época seguinte à competição viriam a conhecer mais minutos dentro das quatro linhas, tanto pelo desempenho pela seleção como pelo trabalho realizado ao serviço do próprio clube.
Portugal parte para a prova com caras já bem definidas no panorama do futebol europeu, embora em busca de alguma redenção e de uma lufada de ar fresco numa temporada menos conseguida, como são exemplo Renato Sanches e João Cancelo. Bruno Fernandes, Rúben Semedo e Bruma são casos em que a utilização nos clubes já corresponde a uma realidade de consistência. Ainda assim, jogadores como Rúben Neves, Daniel Podence, Francisco Geraldes, Gonçalo Paciência e Iuri Medeiros, entre outros, podem ter neste Europeu a oportunidade perfeita para virem a ganhar um lugar entre as escolhas iniciais dos treinadores dos seus clubes.
Lindelöf: da conquista do Euro Sub-21 à titularidade no Benfica em meia época
Transferido esta temporada para o Manchester United, o defesa sueco é exemplo do que pode surgir na sequência de um lugar de destaque no Euro Sub-21. O central foi figura decisiva entre a turma da Suécia que conquistou a competição em 2015, precisamente com a final frente a Portugal, ganha nas grandes penalidades, o que debruçou sobre si os olhares dos adeptos portugueses do desporto rei.
Ora, na época 2014/15, antecedente a essa edição da prova, Lindelöf esteve ao serviço da equipa secundária do Benfica, pela qual realizou 44 jogos. Atuando pelo lado direito da defesa sueca no Europeu da categoria, seria na posição central da defesa que se iria impor entre o plantel principal dos encarnados. Em 2015/16, embora tenha iniciado a temporada no Benfica B, Lindelöf foi chamado aos trabalhos por Rui Vitória, fruto das lesões que afetavam a equipa, e desde então não mais saiu da titularidade no setor defensivo das “águias”.
A constelação espanhola
O domínio espanhol evidenciado até 2013, no panorama das seleções, também teve lugar no que diz respeito às camadas jovens. Os Europeus Sub-21 de 2013 e de 2011 foram ambos conquistados pela Espanha e, com o triunfo, cresceram e nasceram também algumas referências do futebol do país nos dias que correm.
O caso que mais salta à vista é o de Thiago Alcântara. Jovem de potencial lapidado aquando do ano 2011, o médio teve papel fundamental para o triunfo espanhol na final da competição diante da Suíça. Thiago apontou um dos dois golos que deram a vitória à turma de ‘nuestros hermanos’. Ora, na temporada anterior à prova, o centro-campista contou somente 17 partidas disputadas ao serviço do FC Barcelona, mas o seu talento emergia e em 2011/12, época posterior ao Europeu Sub-21 de 2011, já realizou 45 partidas pelos catalães.
Álvaro Morata foi o principal artilheiro do Euro Sub-21 em 2013, também conquistado pela Espanha e foi outro dos casos em que o número de encontros disputados pelo clube conheceu relativa subida quando comparadas a temporada anterior e a posterior à competição. Em 2012/13, o atacante disputou 15 jogos pelo Real Madrid, enquanto que na época seguinte realizou 34 partidas, tendo apontado nove golos.
Novo europeu, nova montra?
Com a competição prestes a começar, são vários os jogadores que aguardam por uma oportunidade para brilhar e serem decisivos. Portugal parte para a prova com o estatuto de vice-campeão e com um leque de jogadores de ressalvar. O Bancada identifica três dos casos nos quais a montra que é este Europeu poderá ser fulcral para o futuro.
Rúben Neves – Chamado por Julen Lopetegui à equipa principal do FC Porto apenas com 17 anos, o jovem médio tem falhado em conseguir assegurar lugar cativo no onze titular dos azuis e brancos. Talento não falta, mas as presenças de Casemiro e de Danilo Pereira na posição que ocupa em campo, têm dificultado o número de titularidades de Rúben Neves no emblema da cidade Invicta. Ligado ao interesse de vários clubes europeus, o médio de 20 anos pode encontrar neste Euro Sub-21 a oportunidade certa para mostrar que merece um lugar entre as principais escolhas de Sérgio Conceição, ou então despertar a cobiça dos ‘tubarões’ europeus.
Iuri Medeiros – Após três empréstimos consecutivos, tudo aponta para que o jovem extremo vá integrar a pré-época do Sporting. Com temporadas positivas ao serviço de Boavista, Moreirense e Arouca FC, Iuri Medeiros tem sido uma das principais apostas de Rui Jorge na turma sub-21 da seleção das quinas. Os registos de oito e de dez golos nas duas últimas épocas, respetivamente, aliadas a exibições de encher o olho podem vir a levar Jorge Jesus a dar-lhe um lugar no plantel do Sporting. Uma boa campanha nesta competição poderá vir a desempenhar papel fundamental no futuro de Iuri.
Gonçalo Paciência – Cedo apontado como um dos avançados mais promissores do futebol português, o atacante tem vindo a conhecer épocas recentes de certa perda de rendimento e até de minutos. Vinculado ao FC Porto, Gonçalo disputou apenas quatro encontros pela equipa principal do conjunto azul e branco, durante a época 2014/15. Em 2015/16 foi uma das principais referências ofensivas de uma Académica que viria a descer até ao segundo escalão, tendo apontado quatro golos em 30 jogos disputados. Na primeira metade desta temporada esteve emprestado ao Olympiakos, clube grego pelo qual realizou somente 28 minutos. O Rio Ave foi a equipa escolhida para o segundo empréstimo da época e o registo final foi o de um golo em 15 partidas. Gonçalo Paciência mostra-se então como um dos jogadores que mais necessitam de uma montra como o Euro Sub-21 para ganhar uma nova ‘vida’ no futebol português.