Portugal
Estrela Costa entre os 110 credores da SAD do Desportivo das Aves
2020-09-10 18:30:00
Galaxy Believers, a dona da sociedade avense, é quem reclama a maior dívida

O Processo Especial de Revitalização (PER) da SAD do Desportivo das Aves, despromovido da I Liga de futebol ao Campeonato de Portugal, reparte dívidas totais de 17,1 milhões de euros (ME) por 110 credores.

A lista provisória de pagamentos foi publicada hoje no portal Citius, aplicação que concentra informação sobre o sistema judicial português, e sinaliza o Estado como o principal credor dos nortenhos em mais de três milhões de euros, uma vez que a Autoridade Tributária reclama 2,56 ME e a Segurança Social 557 mil euros.

O maior credor é a empresa Galaxy Believers, acionista maioritária da SAD, que solicita uma verba de 4,64 ME, enquanto Estrela Costa, esposa do administrador chinês Wei Zhao e encarregue pela gestão do futebol profissional do Desportivo das Aves, também consta na lista de créditos em mais de 153 mil euros por “adiantamento de despesas”.

O documento inclui 38 futebolistas da temporada passada, entre os quais Afonso Figueiredo, Kevin Yamga, Mato Milos ou Welinton Júnior, e de outras épocas, como Artur Moraes, Carlos Ponck, Vítor Gomes ou Rodrigo Soares, além de outros funcionários da estrutura, que assistiram a sucessivos salários em atraso desde o início do ano.

O ex-treinador Nuno Manta Santos, que anunciou a rescisão unilateral em 05 de agosto, é um dos maiores credores individuais da SAD, ao ter quase 525 mil euros por receber, incluindo retribuições desde dezembro de 2019, ao passo que Lito Vidigal, técnico dos avenses durante parte da época 2017/18, pede uma quantia a rondar os 342 mil euros.

Na extensa lista de credores figura ainda Tânia Inácio, filha de Augusto Inácio, timoneiro do Aves entre janeiro e outubro de 2019, que reclama oito mil euros na condição de antiga funcionária da SAD, tal como diversas empresas, entre as quais a construtora Engimov, com 451 mil euros pendentes associados à empreitada do centro de estágios.

O próprio Clube Desportivo das Aves, que controla 10% do capital social da administração, é credor de 837 mil euros por “cedência temporária de ativos, despesas com jogos de juniores/sub23/futsal, Fundo de Solidariedade da UEFA e despesas com os dois últimos jogos [da última edição da I Liga]”, que a SAD ameaçou boicotar em julho.

A SAD do Desportivo das Aves consumou no relvado a descida à II Liga e assistiu às rescisões unilaterais de 15 jogadores e das equipas técnicas dos plantéis principal e sub-23, tendo reprovado os requisitos de licenciamento das provas profissionais de 2020/21 e dispensado o recurso para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.

Os nortenhos acataram a despromoção na secretaria ao Campeonato de Portugal e têm sido acompanhados pelo administrador judicial provisório António Dias Seabra, já que beneficiam de um Processo Especial de Revitalização, solicitado em 24 de julho e deferido em 07 de agosto pelo Tribunal Judicial da Comarca do Porto.

A viabilização desse instrumento permitiu à SAD do Desportivo das Aves participar nos sorteios da fase regular do terceiro escalão do futebol nacional, cuja Série B arrancará com a deslocação ao Berço, em 20 de setembro, e da primeira ronda da Taça de Portugal, assinalada pela visita ao FC Felgueiras 1932, no dia 27 deste mês.

A estrutura de Wei Zhao ainda desconhece onde irá realizar os jogos na condição de visitado e viu o clube anunciar a inscrição de uma equipa sénior na II Divisão distrital da Associação de Futebol do Porto, que vai iniciar a fase regular da Série 1 com a receção ao Marechal Gomes da Costa, em 18 de outubro, também em local a designar.

O elenco de António Freitas apresentou no Tribunal da Comarca de Santo Tirso ações de destituição e despejo dos órgãos sociais da SAD, estando a preparar uma assembleia-geral extraordinária, destinada a esclarecer os associados sobre a época 2020/21 e a situação financeira encontrada após o triunfo nas eleições de 27 de junho.

O clube tem a receber 837 537 mil euros, por "Cedência temporária de ativos, despesas com jogos de juniores/sub23/futsal, Fundo de Solidariedade da UEFA e despesas com os dois últimos jogos" do campeonato passado.