Portugal
"Estas notícias vão chegar aos clubes onde o Benfica tentará fazer negócios"
2021-07-07 20:10:00
Diamantino teme dificuldades acrescidas na compra e venda de jogadores

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, foi detido numa altura em que o clube precisa de finalizar o plantel para a temporada 2021/22, que arranca com a disputa da Supertaça Cândido de Oliveira e com a terceira pré-eliminatória de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões.

Vieira tem assumido pessoalmente os principais negócios, em especial as vendas, das quais saem as verbas para o reforço do plantel. Depois de uma temporada em que o Benfica investiu 100 milhões de euros, seria de esperar uma particular atenção do presidente nos negócios desta temporada. 

Com a detenção de Luís Filipe Vieira, terá de ser outro elemento da estrutura – nomeadamente Rui Costa, vice-presidente e administrador da SAD, ou Luisão – a dar a cara pelos negócios neste mercado de transferências. O problema é que a notícia da detenção de Vieira já está "a correr o mundo", como salientou Diamantino Miranda.

"Estas notícias estão a correr o mundo e estas coisas deixam marca. Será mais complicado para o Benfica fazer negócios", antecipou o antigo capitão das águias, numa alusão a artigos já publicados em países como Espanha, Reino Unido e Itália, onde se encontram clubes que têm feito negócios com as águias.

Como exemplo, Diamantino apontou o caso de João Mário, o médio formado no Sporting e que representou os leões na passada temporada, por empréstimo do Inter de Milão. Isto porque, já esta semana, surgiram notícias de que Rui Costa e Rui Pedro Braz estarão em Itália para negociar o médio.

"Acredito que será muito mais difícil negociar [João Mário], depois do Inter de Milão saber desta situação, de saber que o presidente do Benfica está detido. Poderá haver aqui mais alguns dias de espera para se saber o que vai acontecer. Não acredito que os clubes estejam muito à vontade para negociar com o Benfica", finalizou o ex-capitão.

O presidente do Benfica e empresário Luis Filipe Vieira foi hoje detido numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros com prejuízos para o Estado, disse à Lusa fonte ligada ao processo.

Uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) indica que foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol e realizados cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária, em Lisboa, Torres Vedras e Braga.

No comunicado do DCIAP, é indicado que os detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Em causa, adianta, estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de serem “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

Está previsto que os quatro detidos sejam presentes na quinta-feira a primeiro interrogatório judicial com vista à aplicação de medidas coação, “com vista a acautelar a prova, evitar ausências de arguidos e prevenir a consumação de atuações suspeitas”.