Portugal
"Esse maluco faz um golo de calcanhar. Onde é que o Madjer tinha a cabeça?"
2020-04-23 20:10:00
Juary recorda a final de Viena e outras histórias no FC Porto em conversa com Madjer e Paulo Futre

Madjer, Paulo Futre e Juary recordaram hoje a final de Viena, quando o FC Porto se sagrou campeão europeu pela primeira vez, em 1987, com um golo do "maluco" argelino.

As antigas glórias portistas conversaram sobre os momentos que partilharam no balneário durante o 'FC Porto em casa' de hoje, transmitido pelos dragões nos canais oficiais.

Com o triunfo portista sobre o Bayern Munique, na final de Viena, o argelino, o português e o brasileiro ganharam um lugar cativo na história azul e branca. Mas a verdade é que o colosso alemão chegou ao intervalo em vantagem e havia quem já não acreditasse, como Juary.

"Eu pensei que não ia dar, que mais valia irmos comer um chocolate", gracejou o autor do golo que deu a vitória aos dragões, aos 79 minutos do jogo.

Valeu ao FC Porto ter "um cara chamado Artur Jorge" no banco, continuou o antigo avançado.

"A palestra ao intervalo foi linda, senti que tínhamos condições para dar a volta", salientou.

E assim aconteceu, com Madjer, aos 77, a estabelecer a igualdade com um remate que ficou para a história.

"Esse maluco faz um golo de calcanhar", comentou Juary: "Já pararam para pensar? Rapaz, você estava com a cabeça onde?".

Madjer riu, mas não respondeu. 

"Marquei um golo que fiquei na história", disse o argelino: "Agora, qualquer jogador que marca com o calcanhar diz que foi um golo à Madjer".

Já nas Antes, o treinador pediu explicações.

"O Artur Jorge chama-me ao gabinete e diz-me 'Tu és maluco... Como podes marcar um golo de calcanhar numa final europeia?' Eu respondi que se calhar sou maluco, pois se não fosse talvez não marcasse um golo assim".

Madjer passou depois aos elogios a Paulo Futre, que nesse jogo "fez o que quis" do poderoso Bayern.

O português agradeceu e... devolveu, revelando que ficou "paralisado" quando viu os primeiros cinco minutos de Majder a treinar.

"Bastaram cinco minutos, não foi uma hora, foram cinco minutos... e eu fiquei paralisado. De onde saiu este homem? Ganhou logo ali o balneário, um balneário mítico, recheado de craques. Em cinco minutos estávamos todos a olhar para ele", recordou.

Futre ficou para a história como futebol português pelo talento do pé esquerdo, mas confessou que não se atreve sequer a comparar-se a Madjer.

"Para mim, Maradona é Deus, mas quando me perguntam o jogador mais completo com quem joguei… Madjer. Tinhas tudo! Eu fazia a vírgula com o meu pé esquerdo, fácil, muito fácil. O Madjer? O Madjer fazia com os dois e mais do que isso, fazia a vírgula tanto para dentro como para fora com os dois pés! Até terminar a minha carreira nunca consegui, nem com o meu pé esquerdo, que era o meu ouro", comentou.

Futre lembrou ainda uma jogada sensacional em que ficou muito perto de assistir o argelino, que chegou uns segundos atrasado... ao remate.

"Foi uma jogada de génio com uma finalização de jogador da terceira divisão", admitiu Futre, confessando que tentou rematar e não passar para o colega, como se ficou a pensar.