Portugal
"Espero que Varandas não transforme a autoridade num meio para o poder absoluto"
2021-07-02 17:45:00
Poiares Maduro aconselha presidente do Sporting a manter o "método" que o levou a apostar em Rúben Amorim

O Sporting entra na temporada de 2021/22 com a responsabilidade de defender o título nacional. À frente da equipa continua Rúben Amorim, o treinador que foi apontado como o grande obreiro pela conquista da I Liga 2020/21 e cuja contratação, ao SC Braga, fez gerar uma onda de críticas ao presidente dos leões, Frederico Varandas.

A vitória no campeonato legitimou essa aposta de Varandas. O dirigente é ainda contestado por parte dos adeptos, mas os sucessos no futebol e nas modalidades, com o Sporting a sagrar-esse campeão europeu em futsal e em hóquei em patins, reduziu a oposição a um nível que há muito não se via em Alvalade.

O “método” de Frederico Varandas resultou, mas fez surgir uma tentação de, perante o atual ‘estado de graça’, o presidente procurar chegar ao “poder absoluto”. O alerta é de Miguel Poiares Maduro, antigo dirigente da FIFA e sócio do Sporting.

“É importante que, para permanecer fiel ao método, o presidente do Sporting não transforme a autoridade que este sucesso lhe transfere num meio para assumir o poder absoluto, que é tão comum nos clubes do futebol”, afirma Poiares Maduro, em entrevista ao ‘Cultura Tática’, da Sport TV.

“Poder concentrado numa só pessoa é poder sem método, conduz a maus resultados. Espero que nem os sócios, nem o presidente retirem as lições erradas”, insiste este associado que em vários atos eleitorais foi apontado como possível candidato à liderança do Sporting.

Frederico Varandas tem de seguir o “método” que o levou a acreditar no sucesso do treinador Rúben Amorim, mas também os adeptos precisam de manter a confiança na equipa e não duvidar das hipóteses de sucesso caso o início da temporada não seja positivo, como aconteceu na época passada.

“É importante que os adeptos tenham consciência disso. Se o Sporting perder agora um jogo, não ponham em causa todo o método”, reforça Poiares Maduro.

O jurista e ex-dirigente da FIFA elogiou Varandas por ter definido um “método” para o projeto que queria implementar no Sporting, com a escolha do treinador a ser um dos lados mais visíveis dessa metodologia.

“Tem de ser reconhecido o mérito do presidente do Sporting de saber escolher esse treinador. E [Varandas] foi muito contestado nessa altura. Pelo que sei, apostou com base no mérito, antes do Rúben Amorim ter sido treinador do SC Braga foi o primeiro num estudo comparado feito pelo Sporting. Não quiseram arriscar nessa altura porque ainda tinha pouco currículo e tinha aquele problema muito português de poder ser visto como simpatizante de outro clube”, sustenta.

Com a época 2021/22 a iniciar-se, os adeptos do Sporting esperam por reforços com ‘nome feito’, depois de Rúben Amorim ter sido campeão com uma equipa composta por muita juventude. Sempre em defesa do “método”, Poiares Maduro acredita que os reforços serão na linha da “identidade da equipa”, baseada na formação e com alguns jogadores mais experientes.

A propósito das movimentações do Sporting no mercado de transferências, Poiares Maduro apontou o caso do rival da Luz, que investiu 100 milhões de euros na época passada e acabou o campeonato no terceiro lugar.

“O Benfica teve quase a necessidade de trazer nomes que, mais do que servir o projeto da equipa, serviram para propaganda eleitoral, porque as eleições estavam a decorrer na altura. Tinham de ser nomes, como Cavani, que acabou por não vir, que impressionassem os sócios, em vez de nomes pensados em termos das necessidades da equipa”, concluiu.