Portugal
Época do Benfica "pode ver-se como fracasso" ou "um ano de criar alicerces"
2021-05-31 19:55:00
Paulo Sousa acredita que temporada 2020/21 foi o início de "um novo ciclo" para os encarnados

Antigo médio do Benfica e atual selecionador da Polónia, Paulo Sousa considerou que a temporada das águias, após o regresso de Jorge Jesus ao comando técnico, pode ser vista "como um fracasso", algo que é normal quando se inicia "um novo ciclo". Para o ex-internacional português, que fez parte da chamada 'geração de ouro' da seleção nacional, o clube da Luz não deve alterar o rumo, pois tem condições para pensar "num futuro positivo e competitivo".

"Quando a comunicação inicial foi num sentido, pode ver-se a época como um fracasso", comentou Paulo Sousa, lembrando as promessas feitas durante a apresentação do treinador Jorge Jesus, sobre um Benfica "a arrasar" adversários e a "jogar o triplo", o que acabou por não se ver na temporada 2020/21.

"Agora, quando se inicia um ciclo, com novos jogadores e novas ideias perante esses mesmos jogadores, com os investimentos que foram feitos, tudo isso pode-se criticar de uma forma construtiva, como tendo sido um ano não positivo", reforçou o atual selecionador da Polónia, em declarações à Sport TV.

Elogiando Jorge Jesus, Paulo Sousa realçou que o treinador do Benfica tem "experiência e capacidade" para colocar o Benfica no rumo desejado, depois dos 'tropeções' de 2020/21. "Nos novos ciclos por vezes acontece isso", salientou.

"Com o investimento que o Benfica tem feito na formação e fez este ano na equipa principal, com a capacidade económica que tem hoje a grandeza do próprio Benfica, tudo isso permite pensar que é o início de um ciclo. É um ano de criar alguns alicerces de forma a poder pensar-se num futuro próximo positivo, competitivo, de forma a poder depois abraçar outras ambições", complementou.

Neste olhar sobre o antigo clube, que trocou pelo rival Sporting no célebre 'verão quente' de 1993 (a par de Pacheco), Paulo Sousa deixou também uma análise sobre Adel Taarabt, jogador que orientou quando ambos passaram pelo Queens Park Rangers, em Inglaterra.

"Nessa, era um jogador completamente fora da caixa do que era a cultura do futebol inglês. Era instável em termos de performance, também fruto da idade, mas ao mesmo tempo criativo, em qualquer momento podia criar situações diferentes", lembrou.

Criticado ao longo da época por parte dos adeptos encarnados, Taarabt foi o espelho da época "não positiva" do Benfica, que esperavam do médio marroquino um nível exibicional mais regular, como salientou Paulo Sousa.

"Em equipas como o Benfica, não se pode falhar, sobretudo a partir de uma certa idade. São jogadores que têm de fazer constantemente a diferença e há anos que as coisas não acontecem com tanta regularidade, sobretudo quando essa regularidade não existe na base, que é a equipa. Quando tens estabilidade numa equipa, quando o modelo de jogo está assente e é equilibrado e organizado, esses jogadores coexistem com muito mais facilidade", finalizou o antigo médio encarnado.