Em declarações após a vitória do Arouca sobre o Rio Ave por 3-0, na primeira mão do ‘play-off’ de acesso à I Liga portuguesa de futebol, disputada no Estádio Municipal de Arouca, os dois treinadores estavam, naturalmente, com um estado de espírito diferente. O técnico arouquense mostrou-se feliz pela vitória, o do Rio Ave espera mudar o rumo dos acontecimentos na segunda mão para 'salvar' o conjunto vilacondense da descida.

“Quem segue o Arouca há 10 meses sabe que jogamos desta forma. Não fizemos nada diferente daquilo que temos vindo a fazer. É óbvio que fizemos trabalho de casa sobre onde poderíamos encontrar mais espaços para jogar aquilo que pretendemos, para colocar em prática a nossa forma de jogar e foi isso que fizemos. Não houve estratégia diferente por ser o Rio Ave, como não houve estratégia diferente no último jogo [da II Liga] por ter sido o Desportivo de Chaves", disse Armando Evangelista, treinador do Arouca.

Questionado se este é um resultado difícil de inverter, Armando Evangelista diz que é preciso ter cautelas. "Não olho para as coisas dessa forma, longe de mim desvalorizar a qualidade deste Rio Ave, porque é uma equipa que tem um treinador com larga experiência, um leque de jogadores fantásticos e simplesmente estamos no intervalo. Temos que manter o nosso foco, procurar recuperar os jogadores o máximo possível para que possam dar uma resposta à altura da exigência que vamos ter no domingo."

O técnico do Arouca insistiu na ideia de que a eliminatória está no intervalo e será preciso entrar com força em Vila do Conde na segunda mão. "Foram jogados 90 minutos, a partir de hoje o balneário esquece o resultado e vai focar-se na segunda parte. Quando termina um jogo este balneário esquece o que está atrás e foca-se no que está para a frente. Do passado vivem os museus, queremos recuperar os jogadores para encarar a segunda parte desta eliminatória."

Para a segunda mão, o técnico promete "manter a mesma ideia". "Não me parece que em dois ou três dias consiga trabalhar seja o que for com o grupo para mudar em termos de organização coletiva. Acredito muito no processo, no que fomos transmitindo ao longo desta época para chegar a esta forma de jogar. A nossa forma de pensar e de jogar vai ser exatamente a mesma”.

Já Miguel Cardoso, treinador do Rio Ave, estava desagradado e falou num "resultado pesado". "O jogo tem dois momentos distintos até ao golo do Arouca que é resultado de um erro tático claro, é um deslocamento de jogadores em número excessivo no corredor, a bola entrou no corredor central e a clareira permitiu que o jogador finalize."

Miguel Cardoso diz que ao intervalo ainda tentou retificar algumas situações. "Era fundamental naquele momento a equipa perceber o que se estava a jogar em termos de estabilidade emocional, focar nos comportamentos e no que queríamos. Isso não aconteceu, a última imagem é a que fica, uma imagem pesada, já que a nossa exibição na segunda parte é muito má, precisamente porque se viveram emoções erradas."

O técnico vilacondense lamentou ainda a forma como a sua equipa sofreu depois mais golos. "O segundo golo é um erro de marcação na área e, a partir daí, fomos penalizados na parte final, tal como na primeira parte, pela nossa incapacidade de fazer golo e finalizar. Tivemos duas oportunidades claras para fazer um golo que traria outras possibilidades no jogo da segunda mão."

Em relação às contas da eliminatória, Miguel Cardoso diz que o "resultado é pesado e difícil, mas a eliminatória não terminou". "É para homens de barba rija e de caráter, é para gente que tiver a resiliência de acreditar que é possível. [Temos que] perceber a camisola que se veste. O impossível é só o que nunca foi tentado, já houve quem reverteu resultados destes e vamos a essa tarefa".

Para a segunda mão, Miguel Cardoso espera um resultado diferente. "Um golo dá-nos a energia para ir atrás da eliminatória e o jogo tem que ser vivido nesse sentido. Atirarmo-nos ao jogo para fazer o primeiro, mas golo a golo é possível e é essa a mensagem que vou passar aos meus jogadores”.