O Sporting reagiu à acusação de não ter colaborado com o inquérito aos incidentes nos festejos do título. De acordo com o clube de Alvalade, o ministro Eduardo Cabrita proferiu declarações “de extrema gravidade”.
"Não concebendo o Sporting Clube de Portugal qualquer possibilidade alternativa de tentativa de desvio de atenção ou responsabilidade sobre este, ou qualquer outro, tema da atualidade, é lamentável o profundo desconhecimento que o ministro revela dos factos sucedidos, que resultaram na transmissão à esfera pública de informações que, em nada, correspondem ao realmente sucedido", escrevem os 'leões', em comunicado.
Na nota, o Sporting frisa não haver dúvida de que o plano executado na celebração do título "foi resultado de uma proposta discutida, aceite e planeada por todas as partes, sendo que, inclusive, a proposta original não surge por parte do Sporting CP".
Na sua justificação, o Sporting refere ter, semanas antes da conquista do troféu, entrado em contacto com o Ministério da Saúde e, mais tarde, por sugestão deste, com o prório Ministério da Administração Interna: "Durante três semanas, o Sporting CP tentou sensibilizar o Governo para a eventualidade da conquista e consequente comemoração espontânea popular."
"Assim que foi possível por parte do Ministério da Administração da Interna, o Sporting CP prontificou-se a estar presente em reunião com as autoridades competentes. Em reunião presencial no Ministério da Administração, onde estiveram os chefes de gabinete do próprio ministro da Administração Interna, do secretário de estado adjunto da Administração Interna, da ministra da Saúde, representantes do COMETLIS/PSP, da DN/PSP, da DGS e da CML, foi desenhado, em plena colaboração e acordo entre todas as partes, o plano executado", acrescenta a nota.
O Sporting acrescenta que foram abordados vários cenários com as autoridades, entre as quais a possibilidade de comemoração exclusivamente no interior do estádio, proposta descartada, até por ser contrária, à data (07 de maio), às regras sanitárias vigentes.
Segundo o Sporting, aquela opção foi ainda descartada por outros dois fatores: primeiro devido à dimensão da massa associativa e pela importância que se revestia a comemoração, que levava a crer que a celebração não se concentraria num só local, e, num segundo ponto, o objetivo consistia em dispersar a multidão e não a concentrar num só lugar.
"Os presentes na reunião concordaram que a presença de público no estádio não era uma solução para a questão de fundo. Por isso, importa também relembrar que no final dessa mesma reunião de 3:30 horas, e dado o impasse verificado quanto à autorização ou não de festejos oficiais no exterior, o Sporting CP reforçou a todos os presentes que o clube iniciou as diligências no sentido de receber indicações sobre possíveis festejos três semanas antes daquela data", prossegue a nota.
O Sporting lembra ainda que "foi apenas ao início da tarde de sábado (dia 08 de maio), que o Sporting CP recebeu autorização 'oficiosa' do MAI para preparação dos festejos, ou seja, do cortejo dos autocarros com os jogadores, iniciando-se aí os contactos entre o Sporting CP, a PSP e a Câmara Municipal (CML) para a operacionalização dos mesmos".
"Em virtude de tudo o referido anteriormente, é proposto por outra entidade, que não o Sporting CP, a alternativa de criar um circuito pela cidade que fosse de encontro a este propósito, e não ao da concentração. Circuito que foi unanimemente aceite por todos os envolvidos", acrescentao Sporting, negando que a iniciativa de realização de manifestação junto ao estádio não teve qualquer participação do clube.
Os 'leões' reforçam que participaram nas reuniões "de forma colaborativa", reforçando que "não é o Sporting CP que impõe regras à DGS, PSP, Ministério da Administração Interna ou ao Governo".
"É por isso também lamentável que o ministro Eduardo Cabrita afirme que o Sporting CP não respondeu a qualquer pedido de esclarecimento feito pela Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI). É lamentável e não corresponde à verdade", sublinha a nota.
O Sporting acrescenta ter recebido um ofício da IGAI em 21 de maio, "sem indicação de prazo de resposta" e revela ter dado resposta a esse ofício em 09 de julho.
"No dia 01 de junho de 2021, a IGAI contactou o Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do Sporting CP. No dia 14 de junho, o IGAI insistiu por uma resposta e a mesma foi enviada nesse dia por parte do nosso OLA. No dia 17 de junho, o Diretor de Segurança do Sporting CP prestou declarações durante duas horas perante três inspetores, após convocatória do MAI no âmbito do dito inquérito", enumera o Sporting.
Os 'leões' referem ainda que "o relatório da IGAI deu entrada no MAI no dia 12 de julho, que era a data apontada na própria comunicação social para o encerramento do inquérito, não fazendo nota destas respostas do clube. Ou seja, não só o Sporting CP prestou informação diretamente, como o fez através do seu diretor de segurança e do seu OLA".
A finalizar, o Sporting afirma estar "na posse de toda a informação e testemunhas que podem atestar cabalmente o supra referido, não aceitando de forma alguma que, mesmo não existindo intenção, a falta de conhecimento possa sobrepor-se à verdade dos factos, muito menos tendo em conta a responsabilidade inerente ao cargo de quem as profere, e em quem todos os cidadãos portugueses depositam a maior confiança e rigor".
O Sporting respondeu a declarações de hoje do ministro da Administração Interna, que afirmou que o clube “não respondeu” aos pedidos de esclarecimento da IGAI, no âmbito do inquérito sobre a atuação da PSP nos festejos de campeão nacional de futebol.
“O Sporting Clube de Portugal não respondeu a qualquer dos pedidos de esclarecimento feitos pela IGAI”, assegurou Eduardo Cabrita, em conferência de imprensa de apresentação do relatório da IGAI sobre a atuação da PSP nos festejos do Sporting como campeão nacional de futebol, em maio.
Segundo o ministro, no âmbito deste inquérito à atuação da PSP, foram feitas diligências junto de um “número muito variado de instituições” e “todas responderam e colaboraram com a Inspeção-Geral”, com exceção do clube campeão nacional.
“Sendo objeto do inquérito a atuação da PSP nas celebrações do Sporting regista-se a ausência de cooperação por parte do Sporting Clube de Portugal às solicitações feitas pela IGAI", precisou Eduardo Cabrita.