Jorge Jesus esteve presente na 14.ª sessão do julgamento de Rui Pinto, no âmbito do processo Football Leaks e acabou por protagonizar alguns momentos curiosos dentro da sala de audiência.

"Bom dia, bom dia, bom dia", foi dizendo o atual treinador do Benfica, enquanto ia acenando com as mãos aos presentes e se dirigia para a cadeira onde é comum estarem sentadas as testemunhas.

Depois de pedir autorização para tirar a máscara e falar, Jorge Jesus trocou argumentos nas perguntas e respostas com a Procuradora da República com o caso, Marta Viegas, acabando por gerar um momento de tensão com a juíza.

É que Jorge Jesus, a dado momento, dirigiu-se à procuradora num tom menos formal.

"Se é o teu contrato, não temes. Tens de pagar os impostos como eu faço: mais de 50 por cento", disse Jesus, acabando por ser repreendido pela juíza Margarida Alves, que disse que o treinador se deveria dirigir a Marta Viegas como "senhora procuradora".

A audiência foi prosseguindo e Jorge Jesus, que já tinha assegurado não ter viajado para a Hungria - local de onde alegadamente o seu email no Sporting foi acedido - mostrou-se desconfortável com a sucessão de perguntas a algo que, no entender do treinador já tinha dado resposta.

"Eu não falo português? Já disse que só estive em Budapeste uma vez, aos 19 anos, quando fui lá jogar", disse Jesus, levando a procuradora a justificar que faz parte do regulamento das audiências fazer as perguntas para que fiquem oficializadas.

"Não leve a mal as minhas perguntas", disse a procuradora, citada pelo jornal Observador, minutos antes de Jorge Jesus, antes de sair da sala de audiências, protagonizar novo momento curioso na 14.ª sessão do julgamento, ao querer saber quem é Rui Pinto.

"É aquele menino ali?", perguntou o treinador do Benfica, num momento que arrancou algumas gargalhadas na sala de audiências do tribunal onde decorre o julgamento do informático.

Rui Pinto, criador da plataforma eletrónica ‘Football Leaks’, através da qual foram divulgados milhares de documentos confidenciais do mundo do futebol e alegados esquemas de evasão fiscal cometidos em diversos países, está acusado de 90 crimes.

O arguido, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.

Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.