Portugal
"É a exigência de Sérgio Conceição que nos faz competir ao mais alto nível"
2021-04-01 17:40:00
Sérgio Oliveira revela "sintonia completa" com o treinador e assume-se como "referência" para a formação do FC Porto

Ligado ao FC Porto desde os 9 anos de idade, Sérgio Oliveira é um dos líderes do balneário portista e, em campo, assume-se como uma extensão do treinador, Sérgio Conceição. Depois da “época de afirmação”, em 2018, o médio diz estar agora numa “época de continuidade”, fruto de uma maior maturidade.

“Sei pisar melhor o terreno e já levo cinco anos a trabalhar com o míster. Sei perfeitamente o que ele quer, ou seja, comportamentos táticos, físicos e o dia a dia. É uma pessoa exigente e ao longo dos anos também fui evoluindo nesse sentido. Acho que nos conhecemos perfeitamente e estamos em sintonia completa”, adiantou o internacional português, em entrevista à revista Dragões.

Esse conhecimento de Sérgio Conceição tem beneficiado o médio, que em campo se transformou numa “referência” quer para os adeptos, quer para os jovens da formação. O treinador é conhecido pela exigência e Sérgio Oliveira assegurou que é essa mesma exigência que leva a equipa a “competir ao mais alto nível”.

“Não é fácil jogar no 4-4-2 [sem um médio claramente defensivo], principalmente com a exigência que o míster pede. Tens que ser um médio intenso e perceber o que o míster quer. É muito exigente, cobra-te ao metro, aliás, ao centímetro, porque não estavas bem posicionado”, explicou o número 27 dos dragões.

Como treinador, Sérgio Conceição teve “um papel crucial” na evolução de Sérgio Oliveira, que agora aproveita cada treino como “uma oportunidade” para justificar a confiança do técnico. “No FC Porto, mesmo que treines bem hoje, se amanhã não o fizeres já te estão a cobrar. Temos que sentir a camisola que vestimos, porque entrar com a camisola do FC Porto é uma grande responsabilidade, desde miúdos”, justificou.

Há quase duas décadas no clube, Sérgio Oliveira conhece bem “a garra, a raça e a crença” que fazem parte do ADN portista, mas também os sacrifícios que essa entrega implica. “Quando és adolescente, tens de abdicar de muita coisa. Queres estar com os amigos, sair à noite, mas não dá. Nunca fui a uma visita de estudo ou a uma viagem de finalistas. Não aproveitei a minha adolescência como os meus amigos aproveitaram, mas não tenho qualquer arrependimento, vivi momentos que os meus amigos nunca viveram”, testemunhou.

Nessa altura, também a família sofreu com a dedicação de um jovem futebolista que sempre sonhou em chegar à equipa principal. “O tempo passa e as dificuldades aparecem. O meu pai teve uma batalha muito dura, trazia-me todos os dias, chovia... A minha mãe trabalhava na altura e sinto que foi uma parte amarga da vida dela não ter tido a oportunidade de me seguir nessa fase”, lembrou.

Como produto da formação do FC Porto, Sérgio Oliveira é agora a “referência” para os miúdos que chegam ao clube com o sonho de representar a equipa principal. No entanto, o internacional português, de 28 anos, não dá conselhos, pois se os jovens estão no clube é porque “sabem o que é preciso”.

“O percurso só faz sentido quando és tu a perceber o que tens de fazer. Não adianta eu, o Pepe, o Corona e os mais velhos do plantel dizermos aos mais novos ‘faz isto, faz aquilo’ porque tem de vir deles próprios, tem de estar intrínseco neles. Com a qualidade que eles têm e se tiverem esse pensamento, terão uma carreira muito bonita”, sustentou.

Essa ambição individual de triunfar também faz parte da mística do FC Porto. “O que é a mística? Ganhar. Ganhar sempre. E o míster faz questão disso”, finalizou Sérgio Oliveira.

Na mesma entrevista, o médio recordou o golo frente à Juventus que valeu a passagem aos quartos de final da Liga dos Campeões: “Senti uma vontade imensa de abraçar cada portista, naquele momento”.