O presidente do Sporting contesta o processo disciplinar a propósito das declarações de Carlos Xavier e acusa o Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol de incoerência, evocando as “pessoas” que falam publicamente dos “mouros”.
“Parece que há pessoas que podem dizer o que querem neste país. Eu próprio, durante anos, ouvi pessoas com discursos publicamente a referirem-se às pessoas de Lisboa como mouros, um discurso divisionista, discriminatório e xenófobo, que alimenta a divisão”, afirmou Frederico Varandas.
Na mira do dirigente leonino estava o CD, que abriu um processo disciplinar ao Sporting depois de Carlos Xavier se referir a Taremi, do FC Porto, como “um muçulmano que quando veio para Portugal não sabia nadar e agora já sabe mergulhar”.
“Parece que há uns que são os puros e os outros os mouros. Não sei se o Conselho de Disciplina tem noção disso, acho que tem, mas mouro é sinónimo de sarraceno, de quem pratica o islão. Não acho piada. Acredito que os muçulmanos também não achem piada e lamento que não haja o mesmo tratamento”, insistiu Varandas, em declarações à SIC antes da partida para a Áustria, para o jogo de amanhã com o Sturm Graz, a contar para a Liga Europa.
“Carlos Xavier retratou-se publicamente”
O presidente do Sporting estranha a abertura do processo disciplinar, tanto mais que Carlos Xavier reconheceu o erro e “pediu desculpas” a Taremi.
“O Carlos Xavier teve o cuidado de se retratar publicamente e pediu desculpas ao jogador, ao Sporting e à Sporting TV, porque o clube não se revê nesse tipo de comentários”, salientou Frederico Varandas.
Foi a 8 de setembro que Carlos Xavier, num programa da Sporting TV, falou de Taremi como “um muçulmano que quando veio para Portugal não sabia nadar e agora já sabe mergulhar”. Ontem, o CD instaurou um processo disciplinar que, no limite, pode condenar o Sporting à pena máxima de multa e cinco jogos à porta fechada.