João Rafael Koehler, empresário que tem estado próximo de Pinto da Costa nos últimos anos, mostra-se intrigado em relação à forma como o julgamento de César Boaventura tem sido tratado na generalidade da imprensa portuguesa por comparação com a Operação Pretoriano.
O empresário nortenho sustenta que "qualquer observador atento, facilmente percebe que o FC Porto é tratado de forma desigual pela comunicação social". E, nesse sentido, João Rafael Koehler sublinha que "enquanto se dedicaram horas de diretos e programas de comentário relativos à Operação Pretoriano, um caso muito mais grave de corrupção desportiva passou completamente ao lado da agenda mediática".
Cobertura da Operação Pretoriano e do julgamento de Boaventura comparados
Para João Rafael Koehler, a condenação em primeira instância de César Boaventura deveria ter outro tipo de tratamento e visibilidade na imprensa nacional, em relação ao que o empresário tem visto.
"O julgamento e a condenação por corrupção de César Boaventura, por corrupção, foi olimpicamente ignorado por grande parte dos jornalistas, que lhe dedicaram apenas notas de rodapé ou notícias envergonhadas", observou João Rafael Koehler.
Em mensagem deixada na rede social X, o antigo Twitter, o empresário, que é apontado como próximo responsável pelas finanças do FC Porto, caso Pinto da Costa ganhe as eleições, levanta algumas possibilidades para estar a ocorrer aquilo que, aos seus olhos, tem acontecido.
"Será porque foi um agente intimamente ligado ao Benfica e a Luís Filipa Vieira, que viciou os resultados e os campeonatos ganhos pelo Benfica?", questionou João Rafael Koehler.
"Como podemos levar a sério os quatro campeonatos que o Benfica ganhou se já sabemos que os jogadores adversários foram aliciados para facilitar a vida ao Benfica?"
"Esta dualidade de critérios jornalísticos relativa a FC Porto, Benfica e Sporting é histórica, é grave e prejudica a integridade dos campeonatos desportivos", disse ainda João Rafael Koehler, salientando que tem dificuldades em considerar os títulos vencidos pelas águias no período a que reporta o caso César Boaventura.
"Como podemos levar a sério os quatro campeonatos que o Benfica ganhou se já sabemos que os jogadores adversários foram aliciados para facilitar a vida ao Benfica?", perguntou ainda João Rafael Koehler.
César Boaventura, recorde-se, já declarou, pela voz do seu advogado, que irá recorrer da decisão tomada pelo Tribunal de Matosinhos que condenou o empresário a uma pena suspensa por naquela instância dar por provado que o empresário tentou corromper jogadores para facilitarem em jogos contra o Benfica, na época 2015/16. O Tribunal salientou ainda que os jogadores não se deixaram 'comprar'.
A respeito deste caso, recorde-se, o Ministério Público não levou o Benfica a julgamento, visto que não encontrou fundamentos para tal, algo que Rui Pereira, ex-ministro da Administração Interna, ex-presidente da Mesa da Assembleia-Geral encarnada e especialista em Direito, admitiu ter sido uma opção correta. Para Rui Pereira, neste caso, perante os dados conhecidos, o Ministério Público feito "o que tinha de fazer".