Portugal
De Pedroto a Félix, do dragão europeu ao Benfica. Eis as histórias dos Sousas
2019-07-12 09:05:00
António, Ricardo e Afonso (Pai, filho e neto, respetivamente) contaram histórias da bola

O antigo internacional português António Sousa, o filho Ricardo e o neto Fábio disseram que o futebol "está no sangue" da família, na primeira vez que partilharam juntos, numa tertúlia, histórias da vida que abraçaram.

António, o patriarca da família Sousa, hoje com 62 anos, lembrou o seu pai, ponta de lança e "um craque" na opinião das pessoas, verdadeiramente "deslumbradas" com a sua qualidade, e o irmão Carlos, o mais velho e, também, o melhor dos 10 filhos, para explicar que "o futebol está no sangue" da família.

"Nunca esperei que acontecesse [esta sucessão], mas devem ser os genes. O Ricardo até queria ser guarda-redes, contra a minha vontade, mas a carreira dele podia ter corrido melhor, se tivesse tido mais necessidades", disse António Sousa, reconhecendo, também, a dificuldade que representou para os dois a partilha do mesmo balneário, no Beira-Mar, especialmente o "primeiro impacto" junto do grupo.

Ricardo, de 40 anos, recordou, por sua vez, "o receio inicial dos colegas de falarem perto" de si, filho do treinador, nessa época de sonho de 1998/99, em que, com apenas 18 anos e emprestado pelo FC Porto, ofereceu a Taça de Portugal ao Beira-Mar, apontando o único golo da final diante do Campomaiorense.

"Acontece que, devido às injustiças que via no futebol, deixei de ter prazer de jogar futebol muito cedo, com 23 ou 24 anos, e a machadada final foi o Euro realizado em Portugal, em 2004. Representava o Boavista, tinha acabado de ser eleito o melhor jogador da Liga, à frente do João Vieira Pinto e do Deco, que acabaria naturalizado e convocado para a seleção, enquanto eu fiquei de fora", confessou.

Com contrato profissional no FC Porto desde os 16 anos, Afonso, que tem no pai o seu grande ídolo, e no avô "um verdadeiro orgulho", reconheceu a dificuldade de lidar com o apelido e de ter de "estar ao mais alto nível em todos os aspetos", para poder corresponder às oportunidades, quem sabe semelhante àquela que o seu antigo colega de quarto no Dragão, João Félix, agora no Atlético de Madrid, teve.

"O que aconteceu ao João Félix, para mim, foi algo inesperado. Ele vivia no meu quarto no FC Porto e dizia que estava triste, não se sentia bem, pensava até em desistir e voltar para junto dos pais. Depois o irmão recebeu um convite do Benfica e foi colocada a situação de terem de ir os dois. Temos de estar preparados e o foco é a grande palavra hoje", disse Afonso, que, pouco depois, por obrigações profissionais, se retiraria da tertúlia, subordinada ao tema "Há bola na vila".

O pai, portista assumido, não teve medo de assumir que "o Benfica hoje é um exemplo e está de parabéns pela forma como trabalha na formação", acreditando que o filho Afonso mantenha a "vontade de fazer crescer o nome Sousa", com a "intensidade e qualidade do avô e a qualidade do pai".

Sobre o regresso ao Beira-Mar para treinar a equipa, Ricardo reconheceu a dificuldade de um desafio ao qual não podia dizer que não, longe dos milhões que movimentam atualmente o futebol e contra os quais se insurge António, para quem, "se calhar, hoje não havia dinheiro para pagar a equipa do FC Porto de 1984", na sua opinião "talvez a melhor equipa a jogar pelo Porto em toda a sua história". Pedroto também não foi esquecido.

"Foi ele quem me foi buscar à Sanjoanense, onde jogava na equipa principal com 16 anos, e marcou a minha vida e carreira. Pedroto era simples, sóbrio, com uma grande conduta e liderança, por isso marcou os seus jogadores", concluiu António Sousa, o primeiro portista a marcar um golo numa final europeia (frente à campeã Juventus na Taça das Taças, em 1983/84), agora secundado pelo neto Afonso, que marcou o último golo da vitória portista, por 3-1, frente ao Chelsea, na final da UEFA Youth League.